sábado, 26 de novembro de 2011







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batem leve, levemente

como quem chama por mim

será chuva, será vento

uma brisa é certamente

leve e solta, vem assim




é corrente d´ar bem forte

mas há pouco, há poucochinho

o que chegava do norte

era um cavalo, vinha a trote

dançava neste caminho




fui ver. era uma chuva d´ideias

histórias de relinchar

assuntos sérios mas cheios

de entrelaçados paleios

em corrente qu´está a dar...



 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011






Um alerta para os "indignados"


O procurador-geral da República ordenou que quaisquer diligências de investigação criminal envolvendo políticos lhe devem ser comunicadas previamente pelos procuradores. Justifica com razões de cortesia (?) e por ter recebido várias queixas de algumas personalidades muito aborrecidas.
Espoliados deste País: Não vos incomoda um Estado submetido à promiscuidade do poder e a outras bizarrias dos influentes? Este Portugal de pelintras manhosos afocinhado na corrupção generalizada não vos indigna? De que estão à espera para montar a tenda de protesto na procuradoria? Afinal de contas nem fica nas distantes terras do Douro; é na Lisboa cosmopolita... Ou, tal como tantas das luminárias instaladas que apenas vociferam, acham tudo isto uma maçada? Vá lá! A polícia e as televisões aparecem.

domingo, 16 de outubro de 2011



Também sou dos indignados





Ainda que mal pergunte: Alguém deu por eles nas vindimas? Mas apareceram muitos búlgaros!





"Dia dos indignados"



Lisboa: "Assembleia popular" em São Bento. Intervenções exigem "auditoria popular" às contas públicas. Nova manifestação marcada para 26 de Novembro. Escadaria do Parlamento continua ocupada. Organizadores dizem ter recebido mensagem da presidente da Assembleia da República. Assunção Esteves diz que está disposta a ouvir todas as propostas. (Jornal Público)



terça-feira, 4 de outubro de 2011

O "pauzinho na engrenagem" ou simplesmente boicote?


Médicos da Costa Rica impedidos de exercer em Portugal

Os nove médicos da Costa Rica contratados para trabalhar em Portugal estão parados há quatro meses porque falta um papel. Os clínicos vieram para compensar a falta de médicos em Torres Novas, Entroncamento e Almeirim. Recebem ordenado, mas não podem atender doentes porque a Ordem dos Médicos ainda não recebeu um documento que o Ministério da Saúde considera irrelevante. (Agência Lusa)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

“RESGATES CONTROLADOS”


Tal como existe, a união europeia corresponde ao devaneio de ingénuos sonhadores ou ao projecto engendrado pelas mentes práticas? Quem empurrou os trapalhões da Europa para a jangada comunitária? Porque não quebram as economias falidas das zonas periféricas? O que segura os "PIGS"? Precisamos saber o que pretendem fazer connosco e se é possível resistirmos. Se existe saída ou se resta a penúria. Porque basta de alternância entre ameaças de catástrofe e anúncios de salvação. Ou sucumbimos ou escapamos. De aguentar tanta incerteza é que estamos fartos.

Na sua génese, o projecto europeu fazia todo o sentido, quer para o conjunto dos seus membros, quer para o fim a que se destinava. Estavam em causa os interesses económicos do núcleo crucial da produção europeia. Mas logo surgiram outras ambições expansionistas, no plano monetário com a criação do Euro e no domínio político com as teses da união federalista. O bastante para se notarem os primeiros sinais de desintegração da comunidade.

Cedo se percebeu a importância da Alemanha e o papel que lhe estaria reservado. Com uma economia inovadora e pujante tinha nos países europeus o seu principal mercado. Precisava promover o alargamento e ajudas aos novos membros. Isto para que pudesse avançar a ideia de uma moeda forte para uma comunidade alargada. Assim surgiu o Euro. Enquanto isso, os países mais débeis e ávidos apenas se limitavam a consumir apoios sem cuidar das reformas estruturais. E ficou patente o fracasso europeu.

Aqui chegados, com uma profunda crise financeira e estas fragilidades na coesão comunitária, o que preocupa realmente os Estados poderosos? Se os mais fortes afastarem os mais fracos do grupo do Euro será o fim duma moeda única robusta e influente. Também avaliam os efeitos nefastos para o sistema financeiro se deixarem cair a Grécia. Só lhes resta confeccionar o mal menor, sair em auxílio dos gregos e dos que vierem a seguir. Caso contrário, será o caos.

Mas não protelem mais. Sabemos que custa socorrer esbanjadores compulsivos, incapazes de tomar qualquer medida para contrariar o descalabro. Tal com sabemos que ajudar estes incumpridores pode incentivar outros aflitos imprudentes a aliviarem os rigores da austeridade. Só que parece não haver outra solução. E é bom lembrar que neste estado de coisas, não há inocentes. Pode haver quem só tenha culpas mas não há quem esteja isento delas.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Facebook, pois sim!



O que não tem ainda lugar no Facebook? Graças à inspiração do visionário Zuckerberg, as inovações continuam com as mudanças (para melhor?) no chamado "timeline". Aquilo que importa é poder partilhar de tudo, aconchegadinho, no momento da concretização do que seja. Ver cinema ou ouvir música, participar numa festa e com a algazarra em fundo, são já coisas possíveis. Eis como se podem aprofundar relações sem grandes chatices. Tão social, com cada um em sua casa, sem paredes e sem telhado, de porta aberta ao alcance de todos.

Mas as novidades não ficam por aqui. Como há cada vez mais gente com vidas ditas interessantes, ao passado de tanta individualidade marcante também vai ser dado o devido relevo. Qualquer personagem poderá compor o percurso vivido, com experiências reais ou inventadas, de preferência, bem ilustradas com cor e som. Do que possa estar a acontecer a cada alma, das suas penas, partimos para as suas origens e teremos o perfil completo, a imagem fidedigna da criatura. Interessa quem somos e o que fazemos por aí, enquanto pastamos. E assim se escreve o livro da nossa vida... Quanta curiosidade, quanta surpresa. Que excitação!

Mas como em tantas situações da vidinha, parece que todos são "amigos" e não é bem assim. Há uns mais amigos que outros. Vai daí, é possível estabelecer "tribunas prioritárias", dos eleitos aos indiferentes. Para amigos do coração e amigos de partes menos nobres. Há lugar para os que cheiram bem e para os mais fedorentos. Pouso para os necessitados de encosto permanente e para os que se podem aproximar de vez em quando. Um modelo de comunidade hierarquizada… por causa de coisas.

Aqui chegados, até parece que vivemos no melhor dos mundos. Tanta gente a poder partilhar tanto com muitos e em tempo real. O fascínio de cada um se sentir aos comandos do seu "reality show". Que inebriante gratificação. Uhau!

Quanto mais próximos nos podemos sentir de tantos "amigos", cada um sentado no sofá de sua casa, mais distante me encontro do Facebook. Tudo aqui tão perto e eu cada vez mais longe.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Quanto custa a saúde pública e como se distribui o dinheiro gasto



Na comunidade autónoma de Madrid entrou hoje em vigor, nos serviços de saúde pública, uma norma destinada, entre outros fins, a consciencializar os utentes para os custos reais que o Estado suporta com os cuidados de saúde de cada cidadão.

Consiste no seguinte: Independentemente de existir ou não pagamento pelo utente de qualquer taxa moderadora, a unidade prestadora dos cuidados de saúde está obrigada a emitir documento detalhado com o custo efecivo desse acto clínico; como sejam: pagamentos aos técnicos de saúde intervenientes e aos serviços e produtos hospitalares, sem nada ficar excluído.

A título de exemplo, a reportagem a que assisti recolheu um caso dos serviços de oftalmologia de um hospital público: Um doente internado pela manhã sairia pelo meio dia depois de realizada uma intervenção cirúrgica, muito comum nos diabéticos quando há derrames internos, a vitroctomia. Na altura o doente acabava de receber o custo discrimanado no montante de 1.085€. Se por exemplo o doente fez um copagamento da taxa de 100€, ficou a saber que o erário público suportou os restantes 985€. Com várias outras vantagens: Sabermos detalhes dos custos com honorários, com instalações, com materiais, numa palavra, permitir supervisionar como e com quem funcionam os serviços, como se gastam os bens públicos.

É muito difícil implementar sistemas de controlo do desperdício público? Não é!... desde que haja vontade... e não haja boicotes.

Ao cuidado do ministro Paulo Macedo e de outros ministérios.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

“A QUENTE” OU “A FRIO”
…RICARDO CARVALHO HÁ SÓ UM




Quem se admira se toda esta gente acabar às pancadinhas nas costas, só porque "são todos uns gajos porreiros"? Provavelmente, muito poucos.

Como não podia deixar de ser, a insolência do Ricardo Carvalho está ter os desenvolvimentos que desde o início se antecipavam. Basta não esquecer a tendência dos pacóvios para a bajulação destas celebridades (ao mesmo tempo que afirmam a crónica inveja pelo dinheiro que ganham) para não se estranhar a pouca sensibilidade para questões de princípios, sempre tão apregoados, como o da dignidade ou da honra. A principal preocupação que antes de tudo se manifesta é a de "não estragar a vidinha de ninguém", aparentemente. E com esta condescendência, de cócoras ou de joelhos, antes de se considerarem as falhas, sobram logo as atenuantes. Até parece que os intolerantes são os que ponderam os erros com algum rigor. Vejamos então, como as diferentes criaturas envolvidas se dignaram abordar o assunto.

Federação – Pela prática habitual, já se sabia que as agonizantes nulidades federativas não iriam dar a cara e muito menos responsabilizar quem efectivamente fosse insubordinado. Aparecerão, como sempre, no fim de tudo, para lembrar apenas que também são dos porreiraços.

Paulo Bento - Não era ao seleccionador que competia pronunciar-se sobre a situação, tal como ela se passou. O que suspeitamos é que foi empurrado para dizer de sua justiça, em nome dos que sempre se demitem das responsabilidades. E se esteve mal, foi ao expressar prematuramente que não queria castigos. O que nos leva a pensar que, existindo órgãos disciplinares, o difícil é saberem como devem proceder.

Ricardo Carvalho – Quanto à pessoa do "ofendido", "desrespeitado", "humilhado" e até "massacrado", primeiro é preciso designar alguém que lhe ensine o que isso é, porque nada parece entender. Depois que se dedique a rever noções de educação para recordar que o desplante tem limites. Isto porque apenas conseguiu concluir que se fez mal, deve ter sido virar costas e partir sem falar com ninguém. Se não houver este cuidado de quem o aconselha, é bem capaz de estar à espera de um pedido de desculpas de cada um de nós.

Qualquer pessoa sabe como lidar com as birras malcriadas de putos impertinentes. Mas com aqueles que nunca passaram disso e que apenas acrescentaram aniversários e tamanho, dinheiro e presunção, como se metem na ordem, como se trata essa garotada? Essa parece ser a grande dificuldade de quem exerce a autoridade do pontapé na bola.

Agora, o que temos por aí, são os ecos de patéticas lamúrias do tipo, "tão boa pessoa", "tão bom profissional", "erros cometemos todos", "exageros deve ter havido vários"... Só disparates! Esta desresponsabilização de canalha crescida e famosa é inaceitável, e as consequências indesejáveis.

Mesmo que existam motivos de sobra para a indignação, ainda é preciso contar com a interferência de outras forças mais poderosas, e agachadinhos. Como por exemplo, quando chegarem as exigências dos espanhóis que mandam porque pagam, dizendo: O Mourinho e o Jorge Mendes tratam do assunto e não haverá problemas. Ou seja:“Nada pasará”.

Concluindo, o indígena manhoso e fingido, pindérico e subserviente, no seu melhor. Uma enraízada atracção pela suave humilhação.

sábado, 30 de julho de 2011

SE NÃO LHE DER PARA A CAGANÇA

O TUGA É ASSIM!...


Com a praia de Moledo igual aos melhores dias do Guincho, nem os bares mais abrigados consentiam permanência demorada. Praia, só para o Windsurf dos devotos; para os demais, essa tarde da passada semana, só deu fugir a toque de areia.
Em vez de um aborrecido regresso a casa, melhor seria procurar brisa mais amena em direcção ao mais rural interior da povoação. Há muito tempo que não subia para aquelas paragens. E depois de caminhar o bastante, não tardou a encontrar o refúgio adequado: um tasco da aldeia, acolhedor e fresquinho, mais que convidativo para o refrescar da praxe com cerveja. Vai daí, entrar e sentar. No seu posto, apenas a tasqueira a dar à língua com parceira habitual. Pouco depois, chegaram dois ex-emigrantes cá do Minho mas dos lados de Paredes de Coura que o acaso fez com que se encontrassem por ali. Havia bastantes anos que não se viam e também algum tempo que tinham regressado de França, definitivamente.

Quando me cruzo com estas pessoas em ocasiões destas, agrada-me ouvi-las, se não resolverem armar ao finório, se forem genuínas, como foi o caso. Do que não gosto é de participar, por dever de delicadeza, de muitas conversas enfadonhas com os conhecidos da nossa terra, fingidos como são a maioria.

Segundo os relatos destes homens, labutaram pelos francos durante meio século. Como a maioria dos que vimos partir de cá, nos idos anos da nossa adolescência, residiram pela periferia norte de Paris em cidades satélite, casos de Clichy ou Saint-Denis (como alguns de nós tantas vezes escrevemos, nas cartas dos conterrâneos analfabetos que por aqui ficaram, sempre que respondiam às cartas dos familiares que por lá estavam). Também eles começaram na dureza dos trabalhos da construção como a maioria; depois acabaram ambos a conduzir camiões de transporte de mercadorias.

Aquilo que mais chamou a minha atenção foi ouvir daqueles homens, de volante diário nas mãos pelos subúrbios de Paris, apenas e só esta realidade: nunca tinham estado no centro da capital, com a cosmopolita cidade ali tão perto...
A família e os amigos com quem conviviam habitavam também pelas mesmas zonas e nas muitas viagens a Portugal, sempre circulavam afastados do coração da cidade-luz. Assim passaram dezenas de anos, num quotidiano tão austero e limitado. Espantoso!...
Para maior rigor, o caso de "uma vitesse terrível" diz respeito a uma única tentativa feita por um destes humildes portugueses, para circular pelo centro de Paris. Certo dia, acompanhado por um genro, meteu o carro ao caminho. Descreveu assim: "aquilo era carros por todos os lados, pela direita, pela esquerda, nem sabia quem tinha prioridade; ora parava, ora arrancava, não adiantava; apareciam de qualquer lado e com ‘uma vitesse terrível’... Quando consegui retomar o caminho de volta, só paramos em casa; fomos e viemos sem sair do carro. Nunca mais tentei!..."
O outro amigo, para que não houvesse dúvida exclamou: "Eu é que nunca me meti nisso; todos com quem falava me diziam para não ser maluco meter lá o carro. Mas conheço quase todas as ‘auto-routes’ francesas..."

Com todas estes constrangimentos, esta pequenez se não mesmo tacanhez, esta pobre gente, humilde e rude, por mais que sejam os anos que vivam longe da sua terra, nunca quebram os laços que os ligam às suas origens. Pelo contrário, sempre aproveitam qualquer situação que surja para os reforçar.
Aquilo que narram e recordam é descrito com tal pormenor e rigor (veja-se como se referem a acontecimentos e datas, sejam remotas ou recentes, com a precisão de quem as relembra todos os dias) que são essas memórias vivas o que anima a esperança imensa de um retorno cada vez mais próximo. Porque, para qualquer emigrante (dos daquela época e daquelas paragens) todos os dias são considerados vésperas de um regresso tão desejado desde que essa partida forçada aconteceu.

Só os portugueses serão capazes disto? Dificilmente existirá outro povo assim!