CARREGA ESTADO
Nem no actual período de crise se vislumbra que as actividades económicas se afastem progressivamente da esfera de influência do Estado. Mais uma ocasião desperdiçada para fazer inverter o trajecto que conduziu Portugal até ao abismo onde se atolou este país tão mal frequentado. Pelo contrário, o que se constata é a persistência de repetir os mesmos erros, pelo mesmo caminho, sem que os responsáveis políticos aproveitem a oportunidade para aliviar a asfixiante dependência providencial do Estado.
O mais preocupante neste período de recessão económica é a degradação das actividades produtivas com aumento galopante do desemprego. Só que o emprego que se vai destruindo não será reposto ao mesmo ritmo e muito menos nas sectores que o originaram. É um dado adquirido que a melhor forma de combater o desemprego é cuidar a tempo de contrariar o seu avanço. Daí a importância de proteger as empresas mais sólidas dos sectores mais sustentáveis, em vez de as asfixiar com sobrecarga fiscal quando se encontram mais vulneráveis.
Outro discurso gasto que a esquerda nunca deixa de repetir é essa coisa do “crescimento económico”. Isto é, pôr a economia a crescer empurrada por estímulos, o mesmo é dizer, injectar dinheiro nas empresas. Uma saída que precisa da banca a soltar dinheiro para os financiamentos. No entanto, acaba a financiar o Estado, esse figurão que inventa investimento, com muita dívida, para parecer que é o grande dinamizador da economia.
Mas sempre se volta ao início do mesmo problema. O monstro Estado devorador dos recursos dos contribuintes a quem possa sacar mais alguns impostos, para lhe permitir manter níveis gigantescos de despesa pública. Resta a famigerada austeridade, esse bicho terrível que é urgente eliminar porque ninguém aguenta mais. Até agora tem funcionado à força de sucessivos aumentos da carga fiscal, porque é preciso alimentar a insaciável besta do Estado. Ninguém parece conhecer outro caminho. E se mudassem de rota e fossem aplicar austeridade nos pastos da despesa pública? Como: aliviando as despesas e os desperdícios do Estado; diminuindo a carga fiscal das empresas para estimular a produção; reduzindo os impostos dos cidadãos para incentivar o consumo. Não chegava? Certamente bastava.