terça-feira, 30 de abril de 2013

Um verdadeiro monstro


CARREGA  ESTADO

Nem no actual período de crise se vislumbra que as actividades económicas se afastem progressivamente da esfera de influência do Estado. Mais uma ocasião desperdiçada para fazer inverter o trajecto que conduziu Portugal até ao abismo onde se atolou este país tão mal frequentado. Pelo contrário, o que se constata é a persistência de repetir os mesmos erros, pelo mesmo caminho, sem que os responsáveis políticos aproveitem a oportunidade para aliviar a asfixiante dependência providencial do Estado.
O mais preocupante neste período de recessão económica é a degradação das actividades produtivas com aumento galopante do desemprego. Só que o emprego que se vai destruindo não será reposto ao mesmo ritmo e muito menos nas sectores que o originaram. É um dado adquirido que a melhor forma de combater o desemprego é cuidar a tempo de contrariar o seu avanço. Daí a importância de proteger as empresas mais sólidas dos sectores mais sustentáveis, em vez de as asfixiar com sobrecarga fiscal quando se encontram mais vulneráveis.          
Outro discurso gasto que a esquerda nunca deixa de repetir é essa coisa do “crescimento económico”. Isto é, pôr a economia a crescer empurrada por estímulos, o mesmo é dizer, injectar dinheiro nas empresas. Uma saída que precisa da banca a soltar dinheiro para os financiamentos. No entanto, acaba a financiar o Estado,  esse figurão que inventa investimento, com muita dívida, para parecer que é o grande dinamizador da economia.
Mas sempre se volta ao início do mesmo problema. O monstro Estado devorador dos recursos dos contribuintes a quem possa sacar mais alguns impostos, para lhe permitir manter níveis gigantescos de despesa pública. Resta a famigerada austeridade, esse bicho terrível que é urgente eliminar porque ninguém aguenta mais. Até agora tem funcionado à força de sucessivos aumentos da carga fiscal, porque é preciso alimentar a insaciável besta do Estado. Ninguém parece conhecer outro caminho. E se mudassem de rota e fossem aplicar austeridade nos pastos da despesa pública? Como: aliviando as despesas e os desperdícios do Estado; diminuindo a carga fiscal das empresas para estimular a produção; reduzindo os impostos dos cidadãos para incentivar o consumo. Não chegava? Certamente bastava.  

Como acabar com abrigos de encostados. Camilo Lourenço 



segunda-feira, 29 de abril de 2013

Não me comprometam



Anda um presidente afadigado a cuidar do seu destino, preocupado com o insensato povo deste miserável país, para quê? Com tão poucos do seu lado que o compreendam... o que vai em crescendo é a contestação. De que servirá predicar contra "austeridade de sobra" e "falta de consensos"? A sorte nada quer com ele. Uma luta inglória, com tudo de bom para terminar bem pior. E não convinha nada acabarmos muitos a ter pena do presidente. Adeus sonho de importante lugar na história.   

O homem do leme em busca da salvação. João Pereira Coutinho 

A luta continua com retoques das narrativas. Ângelo Correia 

Como está difícil saber o que quis dizer Cavaco. Paulo Baldaia

Ser presidente é uma tremenda canseira. João Marcelino

domingo, 28 de abril de 2013

sábado, 27 de abril de 2013

Corrida ainda vai a meio



UM POUCO MAIS DE TEMPO

Há caminho para fazer mas, amanhã assim será. Luciano Amaral  

Alternativas, as que ainda são uma ilusão. José Manuel Fernandes

sexta-feira, 26 de abril de 2013

quinta-feira, 25 de abril de 2013

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Aqui não se fala de futebol


Futebol

Para rezar, só em Igrejas e Capelas, a rigor. Visita turística à Catedral 


Chamem a brasileira, ou a Teresa Guilherme. Escutas no Big Brother


Presidente em missão, cheio de comichão e convicção. Sem tremeliques 

terça-feira, 23 de abril de 2013

Caldo entornado

Impulso Jovem

O PROBLEMA É OUTRO

Miguel Gonçalves, criativo empresário bracarense, há algum tempo reconhecido motivador para o empreendedorismo, vinha desenvolvendo trabalhos na ligação do sector empresarial com as universidades. Até que o Governo o convida para "embaixador" do programa "Impulso Jovem", aparecendo ao lado do ainda ministro da tutela, Miguel Relvas. Uma oportunidade também aproveitada para conceder uma entrevista a um jornal diário e reiterar as seus pontos de vista. Não podia escolher melhor companhia para passar a ter os piores defeitos. Como não é Relvas o problema, adiante.
Porquê tanto alarido, tanta crítica, tanto gozo, tanta indignação? Não têm faltado pretextos para desancar no rapaz: os lugares comuns, as ideias feitas, o discurso chato, a mania, o estilo, o jeito, a pronúncia do "cromo". Nas redes sociais e na blogosfera é nisto que todos pegam. Só que não é esta a questão essencial. Tanto assim que nem os mais credenciados humoristas do burgo conseguiram ultrapassar o plano da graçola tosca, por este não ser bom pasto para a piada. Nem a esquerda modernaça teve mais sucesso quando apareceu a exigir do Governo uma tomada de posição sobre as ofensas contra a dignidade dos trabalhadores sem emprego vertidas pelo jovem inconsequente. 
Mais do que a forma ou o conteúdo da sua narrativa, descontando a suposta insensibilidade ou a impaciente irritação do Miguel Gonçalves, o grande problema é a enorme dificuldade que o indígena tem de se identificar com perspectivas tão radicais. Quando se trata dos génios da Apple ou da Google, sempre podem desculpar-se dizendo: são americanos. Vindas de um português igual a tantos, desconfia para iludir o risco e se proteger. Quando é forçado avançar, rejeita e despreza, desqualificando ou ridicularizando. Isto é, o que tanto confunde e embaraça o "tuguita" mais mesquinho é a incapacidade de lidar com o êxito, essa coisa alheia tão distante para muitos.       

Génios ou imbecis, como queiram. Haja muitos destes. Entrevista Jornal I  


segunda-feira, 22 de abril de 2013

Salve-se quem puder



"SALVAÇÃO"  E  "NACIONAL"... NÃO  SERÁ  DEMAIS?

Mau sinal quando os principais responsáveis pelo fracasso só encontram este tipo de soluções milagrosas.  

Que pelo menos se façam estas perguntas. Helena Matos

domingo, 21 de abril de 2013

Com passagem pelo micro-ondas


ESTADO SOCIAL
“Um dos paradoxos da actual discussão sobre a reforma do Estado é a contradição insanável entre o discurso social dos que nada querem mudar ou perder e a realidade de alguns dos sistemas públicos de protecção dos menos favorecidos.
O Estado é menos social do que parece: em vez de proteger os mais desfavorecidos garante benesses dos que menos necessitam, como sucede em certos sistemas de pensões, de saúde e de educação.
O que os recentes estudos demonstram é a realidade tabu que várias corporações sempre encobriram: um continuado agravamento das desigualdades na protecção social de pobres e ricos.

PROBLEMAS
1º - O nosso Estado social custa mais do que os portugueses parecem estar dispostos a pagar por esses serviços em impostos ou taxas.
2º - Muitas das áreas do Estado social não produzem resultados proporcionais ao dinheiro que consomem, por pouca eficiência e muito desperdício.
3º - Variados sectores do Estado social são factor de iniquidade, porque não promovem a diminuição das desigualdades nem a justa redistribuição dos seus rendimentos."     

José Manuel Fernandes - Público


"Implosão de mais uma torre no Aleixo". Alberto Gonçalves

Quiçá romper com amanhos manhosos. Paulo Morais

Reforma do Estado rolando cabeças. Ângelo Correia

Dieta em lata de conserva. João César das Neves

sábado, 20 de abril de 2013

O homem conhecido pela sigla MEC


Miguel Esteves Cardoso

ALÉM DOS RENOVADOS CONSERVADORISMO E NACIONALISMO 

"Um conservador é como aqueles miúdos que não querem ir ao banho e depois não querem sair da banheira"

“Como é Linda a Puta da Vida” Miguel Esteves Cardoso



Quanto a música, em que fontes bebeu influências este sujeito?




sexta-feira, 19 de abril de 2013

A cada um as suas piruetas



NÃO HÁ MAIS PACHORRA  

Vida insuportável. Uma casa onde todos ralham e ninguém tem razão. A mãe-troika bem insiste em pôr ordem na tenda; de nada lhe tem servido impor regras. O pai-país não concorda com nada; só protesta e passa o tempo ameaçar com chapada. Os filhos não há quem os ature. Pedrito, o mais rebelde, não liga nenhuma ao pai; só faz promessas à mãe mas pouco cumpre. Tó Zé, o mais rabugento, com medo do pai está sempre do seu lado; nunca apoia a mãe nem colabora nas tarefas domésticas. Como a mãe educa e o pai deseduca, mais uma família sem futuro.




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Tudo ao léu pelo estendal - Henrique Raposo

Vai e vem de conversa fiada - Carla Hilário Quevedo

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Barbaridades de inimputáveis


Mário Soares

FOSSE DITO NA AMÉRICA SOBRE KENNEDY...
OU POR CÁ SOBRE VULTO DE ESQUERDA... 

"O governo está morto e tem de se ir embora antes de uma fatalidade. O Presidente Cavaco Silva devia lembrar-se da história do século XX. Por muito menos que isto foi morto D. Carlos, o que chamava ao seu país a “piolheira”...

"Quando não há dinheiro não se paga. É uma evidência. Foi o que se passou com a Argentina e nem por isso o povo ficou pior. As dívidas que temos são tantas que não poderemos pagar."
"Se soubermos dizer que não pagamos, os portugueses darão um suspiro de alívio. A pobreza e o desemprego começarão a desaparecer. É preciso é não termos medo de o dizer, com coragem e altivez."
"A troika é o maior inimigo do País. É dirigida melos mercados usurários. Funciona como se fosse dona de Portugal e nos quisesse arruinar como estado-nação. Algo inadmissível para o estado mais velho da Europa."
"Temos um governo sem ideias nem convicções, que faz só o que a troika lhe manda. É um governo moribundo, que paralisa o país e ainda não compreendeu que é odiado pela esmagadora maioria dos portugueses."
"É verdade que não defendo a realização de eleições. No estado actual só virão complicar e não resolverão nada. E também não me parece que o Presidente da Repúblico esteja disposto a demitir o Governo. Mas vai ser obrigado a tomar posição."
"Agora é tarde para juntar o PS a PSD e CDS no governo. O Presidente devia ter pensado nisso quando o governo injuriou e humilhou o PS, de todas as maneiras." 
"O essencial para salvar a União Europeia e o euro é repor os mercados usurários a obedecer aos estados, e não o contrário. Se assim for não corremos o risco de sair da moeda única."
"Não há duas europas, há uma. E sempre vi a Europa como um conjunto de estados solidários entre si e em igualdade. Por isso, nem a Grécia está à beira do caos."
"Os estados não se avaliam pelo dinheiro que têm, mas sim pela sua história e pela sua gente. Nesse sentido, Portugal não pode ser considerado um país pobre, bem pelo contrário."
"Na França, Hollande está com grandes dificuldades. A Europa tem muitos lideres incapazes que não compreendem que é preciso acabar com a austeridade. Mas chegará o dia de perceberem o abismo onde estão a cair."
"Thatcher e o seu correligionário Reagan, foram quem lançou o neoliberalismo e o conceito imbecil do valor do dinheiro. Foi o que nos levou à crise actual e ao tremendo desastre que está realmente em curso."
"O ultraconservadorismo que alastrou a partir da Grã-Bretanha, acabou por destruir os partidos europeus que fundaram a Europa comunitária: os sociais-democratas e os democratas-cristãos."
"Em Angola a guerra civil passou. O governo está a evoluir e precisa de ajuda. Como anticolonialista sempre lutei pela paz."
"O papa Francisco é uma figura extraordinária que não gosta da austeridade e para quem o capitalismo é selvagem."
"Critiquei o regresso de Sócrates. Depois compreendi a oportunidade da sua volta. Aprendeu muito com a estadia em Paris. É hoje um outro homem, muito mais culto do que era." 
"O Presidente Cavaco Silva parece que não acredita que há crise. Por isso se permite passar uma semana na Colômbia e no Peru."
"No colégio chamavam-me o lingrinhas. Mas depois, nas prisões e nos exílios, tornei-me mais saudável. Com a doença de agora estive à morte."

Apologia do Buíça Vasco Graça Moura

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Da memória e do presente



O TRIUMFO DA DEMOCRACIA OCIDENTAL 

As cerimónias fúnebres em honra desta grande senhora da política mundial do séc. XX acabam de terminar. Numa altura em que tanto se repete não serem tempos de grandes líderes, é oportuno realçar o papel desempenhado por figuras da dimensão política de Margaret Thatcher. Esta mulher de enorme determinação e firmes convicções conduziu a Grâ-Bretanha segundo o que foi considerada a "revolução conservadora". Iniciou um combate aberto e frontal ao modelo estatizante social-democrata, começando por enfrentar a decadente estrutura dos trabalhistas ingleses e outros destacados líderes da social democracia europeia. Foi o caso do líder socialista francês, com quem nunca teve um relacionamento fácil e franco. Thatcher não confiava em François Miterrand como parceiro para a política internacional da época: por ser acérrimo defensor duma orientação política hostil ao seu projecto conservador liberal; pela excessiva interferência com que influenciava o trajecto comunitário europeu. Uma cruzada dos mais influentes socialistas europeus que acabaria condenada ao insucesso. Fracasso que a decomposição da Europa dos nossos dias se farta de comprovar. Para a líder britânica, era nos EUA que se encontrava o seu modelo de líder, Ronald Reagan, o grande parceiro do ideal político de Margaret Thatcher



Passos Coelho que aprenda com os exemplos de Thatcher e ReaganJosé Manuel Fernandes

terça-feira, 16 de abril de 2013

Decadência de velhos e novos socialismos



SOCIALISMO INDIGNADO - UMA AMEAÇA  

Em Espanha, o governo regional da Andaluzia aprovou nova legislação que prevê a possibilidade de embargar, por um máximo de três anos, os processos de despejo iniciados pelos bancos na sequência de incumprimento hipotecário. Ao embargo corresponderá uma expropriação por igual período de três anos. Só não se sabe por que valores. A lei prevê pesadas multas para bancos e imobiliárias que tenham casas desocupadas por mais de seis meses. Numa região onde um milhão de casas estão vazias, as autoridades esperam resolver desta forma os problemas dos despejos e dinamizar o mercado de arrendamento nesta região espanhola. 
Esta medida implantada na única região espanhola onde a esquerda ainda governa, numa coligação de socialistas e comunistas, não passa de uma arbitrariedade do poder legislativo em completo desrespeito pela propriedade privada e pelas regras de mercado. Não se ignoram os graves problemas sociais de muitas famílias, tal como se conhecem os múltiplos subsidiados que vivem do Estado na Andaluzia. Por outro lado, existe um mercado imobiliário saturado que se deve ao patrocínio dos poderes regionais suspeitos de corrupção, articulados com as instituições bancárias locais, as Caixas de Poupança. Uma promiscuidade que sempre silenciou a expansão da bolha imobiliária e que agora utiliza os meios da expropriação para iludir o problema de forma popular. 
Para a esquerda, a única solução encontrada foi subverter o sistema. Sem relutância, apoiam acções de protesto dos profissionais anti-sistema. Actualmente, é prática comum acossar e agredir políticos do PP no poder (pelas ruas e em suas casas). São assédios e perseguições que suavemente afrancesaram de "escrachez" (escrachar=humilhar/ridicularizar). Com tantas pressões na rua e desvario na esquerda, o Partido Socialista já equaciona promover o alargamento das condições impostas na Andaluzia a outras regiões autonómicas de Estado espanhol. Um colectivismo de comuna à PSOE que promete. É melhor avisar Mário Soares.






SOCIALISMO POPULISTA - UM FRACASSO

Das eleições presidenciais de domingo resta uma Venezuela dividida ao meio. Uns quantos milhares de votos permitiram ao herdeiro de Chávez e do "socialismo séc. XXI" vencer o candidato da oposição liberal. Apesar dos habituais observadores internacionais, da presença imprescindível e do rasgado elogio ao sistema de escrutínio, com que Sócrates brindou esses seus amigos, pairam suspeitas fundadas de fraude eleitoral. Conhecidos os resultados, Capriles exigiu de imediato a recontagem dos votos, através da verificação dos comprovativos físicos do voto electrónico. Enquanto isso, Maduro precipitou a proclamação da sua vitória e começaram a surgir notícias da destruição acelerada de provas documentais, por muitas assembleias eleitorais do país. Tanta sofisticação ao serviço de corruptos serve apenas para refinar a trafulhice. Resta saber, até onde vai a contestação da aliança de direita, e quanto vai durar a espera do líder da esquerda para tomar posse. Sobra também o fim anunciado do populismo chavista traduzido num fracasso eleitoral sem retorno. Algo preocupante, na medida em que contribuirá para endurecer a repressão sobre o descontentamento crescente dos venezuelanos com o moribundo chavismo. Para bem da Venezuela e também dos seus parceiros latino-americana. 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Segunda a seguir a domingo



AJUSTAMENTO NA EQUIPA

O governo acaba de realizar mais um acerto no seu elenco. Quase todos os críticos do executivo português defendiam uma remodelação alargada com afastamentos há muito antecipados. Uma parte importante achava ainda que tinha chegado a hora do CDS reforçar o seu peso na coligação. Passos Coelho assim não entendeu. E bem, para algumas cabeças. Salvo excepções habituais, os novos membros do governo foram considerados excelentes escolhas com perfis e competências adequadas às funções. A posse foi no fim de semana e também houve lugar para a descompressão. Como já nos habituaram, Passos e Portas espreguiçam de maneira peculiar.




BURRICES

Do canto da sua insignificância, uma criatura que é ninguém, mocinha que transitou duma reserva de actrizes para a tralha bloquista, concluiu com desembaraço que os novos membros do governo empossados no fim de semana, são a prova que não há ninguém que queira participar no executivo de Passos Coelho. Importa-se de repetir? Credenciais de sobraHaja bom senso.




Bem, melhores ou piores destinos, do mundo que nos falta. Alberto Gonçalves

domingo, 14 de abril de 2013

Receber o dia e o sol



O FUTURO JÁ FOI 

A ideia de viver a vida um dia de cada vez dá importância de mais ao dia. O problema não está nem no dia, nem na manhã ou na noite, mas no hábito de dividir o tempo em unidades fáceis de entender. Para mim, a vida é o que estou agora a viver mais o desejo - mas não a expectativa - que dure mais uns momentos, dias, meses, anos, décadas. O desejo do futuro, na versão mais alegre, da continuação do presente, ocupa sempre uma porção valiosa do presente vivido sem pensar em mais nada. Mas a estupidez é uma espécie de vida suspensa, pior do que a morte. Tanto o optimismo como o pessimismo são doenças da razão.
Ter uma atitude e gastar tempo com ela é capaz de ser a pior maneira de desperdiçar o tempo. Virão momentos em que nada se conseguirá fazer senão lembrar ou ter medo do que vai acontecer. Agora não é a altura para nos pormos a adivinhar quando e como serão, com maior ou menor precipitação.
Quando volta o sol da Primavera e o dia começa a correr bem, a nossa tarefa principal deve ser reunirmo-nos a nós mesmos (collect ourselves) e estarmos todos lá, na nossa única pessoa, para recebê-los. A preparação rouba muito tempo. O vaticínio é mais rápido mas predispõe-nos e ocupa-nos enquanto não for posto à prova.
O melhor é sempre o que está mais perto de nós no tempo, no espaço e na sucessão de acontecimentos: o futuro é hoje; já passou.

Miguel Esteves Cardoso - Público

sábado, 13 de abril de 2013

É sábado e calha bem



FELICITAÇÕES

Do Pedro Lomba, é importante destacar, o seu trajecto e as suas intervenções nos media portugueses. Suficiente para perceber como pode contribuir, com a sua juventude e preparação, para ajudar na mudança de rumo que se exige ao País, neste momento. A partir de agora, vamos seguir o seu percurso como membro do governo de Passos Coelho e ajuizar sobre a sua competência. Votos de felicidades. Talvez sejam demasiadas expectativas. Os entusiasmos são assim. E agora que o trabalho vai ser outro, aqui fica o seu último artigo na imprensa.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

País às avessas



DESPACHO DO GASPAR NÃO SUSPENDEU A BALBÚRDIA 

Em tempos de imensa confusão, o despacho do ministro das Finanças a suspender os gastos do Estado, foi mais um pretexto para a algazarra dos últimos dias. Muito disparate à mistura com alguma sensatez, da autoria de mais ou menos insuspeitas e excitadas criaturas. 
À direita, vozes de contestatários do PSD e do CDS, figurantes habituais ou de última hora, como é o caso de António Capucho, consideram que o despacho do ministro Gaspar que proíbe novas despesas, "não tem ponta por onde se lhe pegue" e "é sintoma de um governo que já está sem norte e só faz disparates desta natureza". 
À esquerda, pessoas que costumam distinguir-se pela ponderação, como seja o socialista Guilherme Oliveira Martins, Presidente do Tribunal de Contas, consideram o despacho do Ministro das Finanças "perfeitamente compreensível" para limitar a despesa pública em “período transitório de constrangimentos orçamentais". 
Temos o mundo de pernas para o ar, mais perigoso do que já era... com Vital Moreira a ser elogiado pela direita e Manuela Ferreira Leite enaltecida pela esquerda. Se alguém ouvisse esta gente há meia dúzia de anos atrás, e agora outra vez, só poderia achar que Portugal endoideceu mesmo.  

SE TIVESSE DITO TUDO ISTO QUANDO DISPUTOU ELEIÇÕES COM SÓCRATES É QUE NOS TERIA POUPADO METADE DO DESASTRE. OU NÃO? 


quinta-feira, 11 de abril de 2013

Margaret Thatcher




Margaret Thatcher, depois de vencer um concurso de poesia, ouviu a professora dizer-lhe que ela "era uma sortuda". Com dez anos, "Maggy" respondeu-lhe: "Não foi sorte, mereci ganhá-lo." Este episódio serve para recordar a personalidade de uma grande líder política, obstinada em fazer da liberdade individual um fim da própria política. Como candidata a primeira-ministra, alcançou três maiorias absolutas e nunca perdeu uma eleição popular. 

Poucos políticos em tempo de paz podem dizer que mudaram o mundo. Margaret Thatcher pertence a este grupo. Ela transformou não apenas o seu Partido Conservador, mas toda a política da Grã Bretanha. Hoje, é por muitos considerada a maior líder política britânica do século XX, depois de Winston Churchill. Juntamente com Ronald Reagan e o Papa João Paulo II, foram os grandes impulsionadores duma revolução global e da luta contra a tirania que ajudou a derrubar o Muro de Berlim e a pôr fim à União Soviética. 

Thatcher pega num país em bancarrota, resgatado por greves de sindicatos fortíssimos, paralisia dos serviços públicos, impostos altos sobre o trabalho e pouca criação de riqueza. Depois de evitar a hecatombe e com a popularidade a descer e o desemprego a subir tem a sociedade virada contra si. Aguentou-se, esperou pelos resultados e disparou. Foi às Falkland defender-se da invasão pela ditadura argentina, venceu-a e veio para casa levada em ombros. No ano seguinte, já com melhorias na economia e a segunda maioria, iniciava o plano generalizado de privatizações reforçando o Tesouro nacional. Foi incentivada a desregulação da bolsa londrina emergindo o protagonismo da banca e o fim do Estado como motor económico. Por esta altura, Mitterrand conduzia a França pelo caminho oposto das nacionalizações e da reforma das esquerdas europeias que pouco vingaram. Entretanto, Thatcher chega à terceira maioria e o seu modelo, articulado com o de Reagan, mostraria à Europa de Leste e à América Latina que havia uma alternativa ao centralismo político estatal. 

A essência do Thatcherismo era a oposição à paralisia a que os estados condenavam os países e uma aposta na liberdade. Ela achava que as nações se podiam tornar grandes, apenas se as pessoas fossem livres, A sua luta tinha um lema: o direito dos indivíduos em gerir as suas próprias vidas, tão livres quanto possível da interferência do estado. 

O sucesso de Thatcher  Pedro Lomba 

O que ela fez  Miguel Esteves Cardoso 



quarta-feira, 10 de abril de 2013

Apanhar os cacos



NA HORA DO RECATO

O juiz conselheiro Sousa Ribeiro, presidente do Tribunal Constitucional, declarava ontem que agora era altura de se resguardarem (no sossego do Palácio Ratton, certamente). Como não se distinguiram, nem pela obra produzida nem pelas explicações dadas, podem fazer o favor de mais essa maçada. As eminências, depressa esqueceremos; o inestimável trabalho é que não vai ser fácil.

Todos perderam com a decisão do TC.  I - II - III - IV  (Vital Moreira) 

A Constituição e os Juízes, privilégios e violações. (Henrique Raposo)

O nobre colégio que nos tutela... no escuro. (Vasco Pulido Valente)  

terça-feira, 9 de abril de 2013

Estatuto sem vergonha



OBSCENIDADES  E  ESCRÚPULOS  

Com Sócrates e Relvas repete-se a história de licenciaturas habilidosas à portuguesa. E porque não fizeram como em tempos fez o primeiro-ministro inglês John Major, que se assumia não licenciado? Porque lhes faltou coragem para dizer que a sua experiência já não lhes exigia a licenciatura? Por não estarem na Inglaterra e serem portugueses. 

Antes de mais, Miguel Relvas e José Sócrates não foram minimamente escrupulosos. Depois, não se esqueça que estamos num país de doutores e de manha servil. Acabaram enxovalhados por terem sido favorecidos com trapaças no curso. E se assumissem não terem título? Acabariam atingidos pela humilhação e vexados pelo descrédito. 

A snobeira indígena é assim: reage com revolta a qualquer tramóia tal como despreza vulgaridades dos humildes. E quando resvala para o lado mesquinho da coisa, aí, reconhece depressa a esperteza mas não consegue distinguir o mérito.

Mas a bem da verdade e para mal da nação, há licenciados (chamados) com licenciaturas, e licenciados (escolhidos) com sub-licenciaturas.    

Do ingénuo trata o Vasco Pulido Valente
Do inocente cuida o João César das Neves

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Ainda a tempo


NA MELHOR DAS HIPÓTESES...

O mais caricato da vida política, no Portugal democrático, é a forma como as forças partidárias perspectivam acordos e pactos de governação. As coligações que habitualmente viabilizam governos de certos países europeus, nunca servem de modelo governativo para os grandes partidos portugueses aplicarem, nem nas circunstâncias  tão excepcionais como as desta fase de falência e resgate nacional. As experiências de projecto comum de governo como o actual têm sido aplicadas, mais pelos partidos da direita que da esquerda, desde que satisfaçam a condição primordial de haver partilha do poder. De compromissos para viabilizar governos ou reformas políticas de fundo, só a partir do parlamento e sem assento no governo, não temos memória. Quando todos sabemos das vantagens de haver um pacto de governação e da estranheza sentida pela Europa por esse acordo essencial não ser preocupação dos nossos políticos. Para qualquer parceiro europeu, só a enorme insensatez dos portugueses justificará a inexistência de um amplo contrato, a partir dos iniciais subscritores do memorando de entendimento, capaz de desbloquear os maiores entraves à tão ansiada reforma do Estado e ao cumprimento das condições impostas pela troika. É lamentável que os principais intervenientes no processo que a bancarrota desencadeou, não sintam a responsabilidade de se dedicarem a esta difícil tarefa, com mais empenho e menos exigências, com outro sentido de Estado.    

O Tribunal Constitucional decidiu, está decidido e cabe aceitar. Mas tal como antes do desfecho muito se praguejou sobre pressões, com a mesma legitimidade se pode agora fustigar o veredicto. Para leigo na matéria: a sentença é resultado de uma interpretação que podia ir noutra direcção como foi no passado ano; a decisão assenta em critérios de igualdade que como pressuposto não se verifica; o problema da apreciação política não desaparece submetendo as normas orçamentais ao texto constitucional; a Constituição é um documento ideológico que condiciona e desrespeita a realidade.

Tanto o Presidente da República como os partidos políticos que solicitaram apreciações de constitucionalidade, acabaram por remeter para os magistrados as decisões políticas. Enquanto isso, os partidos da esquerda parlamentar não deixaram de demonstrar o seu agrado pelo contributo dado pelos juízes para a preservação de direitos sociais adquiridos. Talvez só não valesse a pena esperar que Seguro se dirigisse ao TC para recordar o que disse ao Governo, "quem criou o problema que o resolva". O que de nada serviria. Nem os juízes compensariam o rombo no OE, nem declarariam inconstitucional outro resgate. No final, parece que os chumbos que atingiram o orçamento não serão suficientes para derrubar o Governo. Podem é correr com a troika e fazer voar o dinheiro que ainda nos sustenta.  

O Governo não apresentou sinais de ter ficado muito abalado com o choque e reagiu com o dramatismo que o desenlace justificou. Se o primeiro-ministro decidiu continuar e prosseguir com a orientação política traçada, só podia aparecer com a determinação demonstrada. E não colocando a hipótese da demissão também será dispensável uma eventual remodelação do Governo. Se não é por causa do feitio de Gaspar que há derrapagens nas finanças públicas, se não é a informalidade do Álvaro que dificulta o crescimento económico, que seja dada a importância devida à coordenação política e à estratégia de comunicação, principais fragilidades do executivo.   

Salientar com insistência que foi o chumbo do TC que veio estragar tudo, porque o ajustamento iniciado estava a ser um êxito, é um disparate com pouco sentido. Por agora, o Governo recusa aumentar a carga fiscal e vai minorar o impacto nas contas públicas com cortes nas prestações sociais, na educação e na saúde. São diminuições nos gastos públicos que poderão decorrer da tão adiada reforma do Estado social. Um caminho inevitável e doloroso que é preciso percorrer, para evitar a ruptura anunciada de um sistema de protecção inviável. Não terá outra alternativa para tentar fugir à derradeira saída de um novo resgate.

Nesta fase em que já não sobra espaço para mais falhas, os partidos políticos do arco governativo não podem faltar ao compromisso que dizem ter assumido com os portugueses. Demonstrem com as cedências exigidas pelo projecto de salvação que merecem essa confiança. Recuperar da bancarrota nacional e do impacto da crise europeia na vida económica e social do país ainda é meta distante. Talvez seja esta a última oportunidade para reformar Portugal definitivamente. Essa espécie de desígnio nacional que nunca mais passa das intenções e assim se vai decompondo e definhando. Nós estamos cansados de histórias e do eco dos lamentos. Aquilo que continua a faltar fazer é muito. Mas também é muito aquilo que ainda se pode fazer. Como quem insiste, porque tem a mania de "reiniciar", porque se recusa a "encerrar".

domingo, 7 de abril de 2013

E hoje... é o quê?


Pedro Passos Coelho (novinha)

SIM SR. PRIMEIRO-MINISTRO

No rescaldo da decisão do Tribunal Constitucional, ontem o Presidente da República lembrava que o Governo continua a ter condições para cumprir o seu mandato, enquanto toda a oposição alertava para a necessidade de realizar eleições antecipadas, por não haver outra alternativa com "legitimidade democrática". É bem possível que a todos assista a razão. Quanto ao Governo, não falta muito para que Passos Coelho faça uma declaração ao país.

Para anunciar o quê? Não sabemos. 
Que só continua com um compromisso assinado pelos subscritores do memorando? Tarde demais.
Que exige acordo para avançar com a imprescindível revisão constitucional? Faz todo o sentido.
Que vai remodelar o Governo na procura de revigorada dinâmica? Nada resolve.
Que recusa remodelação governamental para além de substituir demissões? É o mais razoável.
Que respeita o TC mas se demite por não haver condições? Talvez a melhor solução.        

Nesta dura realidade e perante tanta insensatez quiçá a mais responsável saída. Ou não é assim: "Quem criou o problema que o resolva" (e resta Cavaco, não?) Estaríamos entendidos... quanto ao Seguro de Sócrates ou à hipótese do nadador-salvador. Fátima Bonifácio

FIQUEM BEM


sábado, 6 de abril de 2013

Barulho e fantasmas



PRESIDENTE OUVE PASSOS

Quem será... o que será...?


O que faz falta. Helena Matos


Calma, antes de mais.