terça-feira, 23 de abril de 2013

Caldo entornado

Impulso Jovem

O PROBLEMA É OUTRO

Miguel Gonçalves, criativo empresário bracarense, há algum tempo reconhecido motivador para o empreendedorismo, vinha desenvolvendo trabalhos na ligação do sector empresarial com as universidades. Até que o Governo o convida para "embaixador" do programa "Impulso Jovem", aparecendo ao lado do ainda ministro da tutela, Miguel Relvas. Uma oportunidade também aproveitada para conceder uma entrevista a um jornal diário e reiterar as seus pontos de vista. Não podia escolher melhor companhia para passar a ter os piores defeitos. Como não é Relvas o problema, adiante.
Porquê tanto alarido, tanta crítica, tanto gozo, tanta indignação? Não têm faltado pretextos para desancar no rapaz: os lugares comuns, as ideias feitas, o discurso chato, a mania, o estilo, o jeito, a pronúncia do "cromo". Nas redes sociais e na blogosfera é nisto que todos pegam. Só que não é esta a questão essencial. Tanto assim que nem os mais credenciados humoristas do burgo conseguiram ultrapassar o plano da graçola tosca, por este não ser bom pasto para a piada. Nem a esquerda modernaça teve mais sucesso quando apareceu a exigir do Governo uma tomada de posição sobre as ofensas contra a dignidade dos trabalhadores sem emprego vertidas pelo jovem inconsequente. 
Mais do que a forma ou o conteúdo da sua narrativa, descontando a suposta insensibilidade ou a impaciente irritação do Miguel Gonçalves, o grande problema é a enorme dificuldade que o indígena tem de se identificar com perspectivas tão radicais. Quando se trata dos génios da Apple ou da Google, sempre podem desculpar-se dizendo: são americanos. Vindas de um português igual a tantos, desconfia para iludir o risco e se proteger. Quando é forçado avançar, rejeita e despreza, desqualificando ou ridicularizando. Isto é, o que tanto confunde e embaraça o "tuguita" mais mesquinho é a incapacidade de lidar com o êxito, essa coisa alheia tão distante para muitos.       

Génios ou imbecis, como queiram. Haja muitos destes. Entrevista Jornal I  


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