quinta-feira, 4 de abril de 2013

O país dos pequeninos



LEGITIMIDADE DE PROGRAMA

Da lengalenga anti-governo fazem parte alarvidades sonantes de tipo variado e habilidosos disparates escolhidos a preceito. Opositor que se preze, seja encartado partidário ou avençado comentarista, não dispensa as fórmulas da praxe, cujas frequentes repetições transformaram em pretensos argumentos válidos. A questão da legitimidade política de quem governa é um desses casos. Ou seja: ninguém discute a legitimidade dos governantes para solicitar um resgate financeiro sem plebiscito eleitoral, todos se indignam e protestam contra a aplicação do acordo feito com os credores por não ter sido consultado o povo. Haverá sempre legitimidade para endividar e resgatar o país, nunca será legítima a austeridade exigida por quem financia essa insolvência. O indígena nada tem a dizer quando se pede dinheiro, só quer discutir como paga a dívida. Esperteza manhosa é o forte dos nativos.     


DESCARTÁVEL MAIS PARA MENOS

Quando se fala de remodelação no Governo a grande dificuldade é o vai-não-vai de Vitor Gaspar. Aqui-d'el-rei que deve ir ou que deve ficar, não faltam sentenças assanhadas. Uma das mais curiosas conclusões sobre o prodigioso Gaspar: é preciso manter o crânio das finanças no governo, tão detestado cá dentro mas bastante respeitado la fora; é inconcebível manter o rosto da tragédia nacional, o ministro que só subscreve desastres para o desgraçado tuga. Sempre os interesses do país, como convém.


A CARTA E A DILIGÊNCIA

Tó Zé Seguro deve utilizar serviços de correio demasiado anacrónicos. Só isso pode explicar tanta lentidão e demora na entrega das suas missívas. Depois diz-se vítima das acusações de que anda desorientado e perdeu o contacto com a realidade. No passado mês resolveu escrever uma carta à troika e, ao que consta, só ontem a franquia recebeu carimbo e guia de marcha. Ainda não foi apurado se o problema foi com a diligência ou do burro que a puxava.


FALTA DE TUDO E DE TEMPO

O Tribunal Constitucional nem se descose nem se queixa das pressões. Vai andando devagarinho no encaixe das peças para um arranjo acertadinho. O certo é que se não tivéssemos uma "casa da democracia" onde é só algazarra de uns quantos atontados, bem como um "guardião da constituição" canguinhas e tremeliques em demasia, a coisa seria outra. Se o Cavaco tivesse pedido a fiscalização preventiva, o Tribunal Constitucional só teria 20 dias para se pronunciar sobre eventuais inconstitucionalidades. Como pediu a fiscalização sucessiva, já passaram três meses, tantos juízes estafadinhos e nada de fumaça. Só nos falta acabarmos todos doidos amontoados no albergue nacional.


A derradeira pressão sobre o Tribunal Constitucional nos muros do manicómio. Paulo Pinto Mascarenhas 


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