domingo, 30 de junho de 2013

Acabar com a ladroagem autárquica



O FIM DAS VACAS GORDAS

O extraordinário número de independentes (?) que se candidata à presidência das câmaras talvez seja o primeiro sinal da próxima desagregação dos partidos tradicionais, sobretudo do PS e do PSD, que tomaram conta do Estado e nos governaram durante 30 anos. Contra o senso comum, há mais socialistas (19) que decidiram abandonar o rótulo do partido do que "sociais-democratas" (12). Mas vendo mais de perto a coisa não é assim tão estranha. Mal ou bem, Pedro Passos Coelho lá se vai aguentando e as ruínas que deixar ainda podem no futuro servir para alguma coisa. Infelizmente, nem agora, nem no futuro, Seguro, com o seu realejo e a sua vacuidade, não promete nada a ninguém. E pior: parte do eleitorado PSD parece mais fluido e, por isso, mais susceptível de acreditar numa solução milagrosa.
De resto, os próprios candidatos que o PSD apresenta oficialmente evitam exibir nos cartazes o emblema da casa. Julgam que por este subtil processo evitam a sua associação aos desastres que o Governo dia a dia faz cair sobre os portugueses. Julgam com certeza que os portugueses são mentecaptos. O PS, pelo contrário, insiste em se apresentar com a militância do costume e, muito ajudado pelos "tempos de antena" de Sócrates, põe instantaneamente em coma o cidadão vulgar. Entregar ao dr. Seguro a salvação da Pátria é a última ideia que passa pela cabeça de uma pessoa sensata ou mesmo de um louco reconhecido e público com um ou outro intervalo de lucidez. Os "socialistas" com um pequeno resto de massa encefálica preferem que Passos lhes tire as castanhas do lume, para depois proclamarem o seu sacratíssimo direito à "alternância".
Mas sucede que a ebulição em que andam as máquinas dos partidos se deve manifestamente à redução drástica da sopa do convento. Acabou a época em que se fundavam "empresas municipais" para aconchegar os bolsos da ladroagem local; da "reclassificação" de terrenos; dos vereadores sem espécie de função; dos centros de cultura; dos cursos universitários sem universidade e sem alunos; da ornamentação urbana e das rotundas; das grandes festas para a populaça; dos jornais subsidiados para criarem o culto do "presidente"; do ócio quase permanente e de várias alegrias, que faziam o misterioso encanto da autarquia. A indisciplina partidária, que a troika trouxe na sua bagagem, transformou o antigo paraíso numa guerra corpo a corpo pelo que sobrou do tempo das vacas gordas.

Vasco Pulido Valente - Público

sábado, 29 de junho de 2013

Quando o presente for passado



Bastantes anos depois deste, haja quem conte a história toda, se ainda existir Portugal. Saragoça da Mata

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Em velocidade pobrezinha



TGV a fazer de conta. Nada como começar devagar, para chegar ao mesmo tempo (?) Vigo-Porto e Porto-Vigo diário, começa no primeiro dia de Julho. Atenção aos comboios.

Insistir no embuste



Como se não bastasse a oratória semanal do chefe, com o único objectivo de branquear o nefasto passado socretino, aparece agora a múmia do principal ajudante a tentar ressuscitar as virtudes do famigerado PEC IV. Haverá alguém com um módico de sensatez que tenha visto na última proposta empacotada qualquer hipótese de salvação da Pátria? melhor: que alguma vez tenha acreditado nestes farsantes? Apareça uma criatura que seja, com vida e no gozo das faculdades básicas. Malucos, há de sobra. João Pereira Coutinho

Quando os défices tudo atingem



OS LIMITES DA INTELIGÊNCIA

Quando se anunciou a Expo para Lisboa foi por aí um grande entusiasmo. O Presidente da República, o primeiro-ministro (nessa altura, o dr. Cavaco) e o dr. Sampaio que andava pela câmara à espera de Belém não se contiveram. O que se disse parece inventado: que a Expo era a prova provada de que Portugal "estava na moda"; que o mundo se iria extasiar com a criatividade indígena; que, no fim, não custaria um tostão ao Estado; e que, além disso, não se podia conceber um "pretexto" (sic) tão bom para "reabilitar" a Lisboa Oriental. As coisas não correram como se esperava. O mundo, tirando a Espanha, ignorou largamente essa obra salvífica; a criatividade indígena não produziu nada de espantar; o custo da Expo e adjacências ficou por muitos milhões de contos mais do que o enérgico comissário Cardoso e Cunha tinha calculado (e que, de resto, ainda não se pagaram); e a zona ribeirinha da Lisboa Oriental, a mais valiosa, continuou tranquilamente a apodrecer ao sol. A Expo, essa maravilha, deixou só um novo arrabalde, longe do centro, uma ilhota de kitsch em homenagem aos seus lúcidos promotores.
O Porto, onde não há tanta megalomania, em vez de um espectáculo para impressionar o próximo, constituiu uma Sociedade de Reabilitação Urbana, que se destina fundamentalmente a atrair capital privado para a dita reabilitação. E os números referidos por Rui Rio mostram que a Sociedade acabou de facto por convencer o capital privado a investir centenas de milhões de euros na parte velha da cidade, criando emprego e, o que é melhor, emprego estável. Só que o Governo, desta vez na pessoa de Assunção Cristas, resolveu criar dificuldades porque achou excessivo o défice da Sociedade, sem presumivelmente perceber para o que ela servia, nem o serviço que prestava ao país. Algumas centenas de notabilidades do Porto já assinaram uma carta aberta para protestar contra esta aberração. Mas, a sra. ministra persiste na sua política de "cortes", que infalivelmente arrastarão outros "cortes" mais sérios e abalarão a confiança no Estado. A inteligência não abunda. 
A inteligência instalada bastou para construir a Expo e, com os dinheiros da Europa, 9468 quilómetros de estrada, 2353 quilómetros de via férrea, 662 edifícios para universidades e escolas e também para gastar 2 mil milhões de euros no abate de embarcações de pesca. Para mais não chega.

Vasco Pulido Valente - Público

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Imoralidades criminosas




Portugal agoniza com os monstruosos encargos das PPP, porque nas últimas décadas elegeu governantes deslumbrados pelo progresso fictício. Estas criaturas obcecadas com o absurdo de fazer obra, sem dinheiro, sem vergonha, sem responsabilidade, arruinaram o País impunemente. Por isso, aos olhos da Europa e do Mundo, do Minho ao Algarve, o território lusitano é mesmo um manicómio, povoado por inconscientes e dirigido por loucos. E ainda há quem tenha dificuldade em reconhecer os trafulhas entre a populaça. José Manuel Fernandes 



Melhor ir ao que interessa



Hoje é dia de greve geral, pela quarta vez, contra a política de austeridade do governo de Passos Coelho. Com o devido respeito por quem faz greve e por quem está trabalhar. sejam menos que muitos ou mais que poucos. Na jornada de luta, todos estarão de acordo com as razões dos protestos; é necessária a mesma sintonia na forma de recuperar o país. Se o Governo falhou e há quem tenha soluções diferentes, apareçam com alternativas claras e viáveis, antes de pedirem o voto aos portugueses. É que este dia também deve servir para pensar nisto. Henrique Monteiro 

O que faz correr Paulo Morais?




Paulo Morais foi vereador na Câmara do Porto durante o primeiro mandato de Rui Rio. O ainda presidente da autarquia portuense não o incluiu na lista para o executivo camarário nas eleições em que renovou o seu mandato. Desde então, o rebelde tripeiro do PSD, apareceu à opinião pública como o homem que abraçou a causa do combate à corrupção. Começou por surpreender pela coragem e pela nobreza da cruzada. Depois de tanta denúncia, já cansa.
Ao anunciar  ser a corrupção a maior actividade política do país, qualquer português dos pouco hábeis para tais tratantadas, desde logo achou que tinha chegado a hora de apanhar a malandragem. Com tantos trafulhas a soldo pelo indigenato, não tardariam a cair como gambozinos. Apesar da persistência do destemido caçador da fraude, apesar de tantas denúncias a eito, nada até esta altura se averiguou ou teve qualquer consequência. 
Trabalho dedicado mas frustrante. E assim vai conciliando a sua missão de denunciante com a de se pôr a jeito para cargos públicos vários, como os seus correligionários vão notando. Perdida a esperança de lugar na Câmara da Invicta, parece ter tentado outras autarquias, ministérios, institutos, etc. Nem volta a chafurdar na gamela do poder nem caça corruptos. Uma coisa e outra com iguais resultados. Continuará com passagem regular pela comunicação social. Como última saída, resta o ridículo. O que não significa ser Portugal o País da virtude sem corrupção. Corruptos de sobra e com tráfico de influências generalizado. David Dinis  


quarta-feira, 26 de junho de 2013

A menina-prodígio


Michelle Brito bate Maria Sharapova no torneio de Wimbledon

A tenista portuguesa Michelle Larcher de Brito qualificou-se esta quarta-feira para a terceira eliminatória do torneio de ténis de Wimbledon, ao vencer a russa Maria Sharapova, terceira cabeça de série e campeã em 2004.
Michelle Brito, 131.ª do "ranking" mundial, bateu a terceira da hierarquia em dois "sets", pelos parciais de 6-3 e 6-4.
Pela segunda vez na terceira ronda de um "Grand Slam", depois de Roland Garros em 2009, a segunda jogadora lusa vai jogar o acesso aos oitavos de final.

Saiu melhor quem gritou mais




Nos vários pontos que afastavam o Governo dos Sindicatos houve aproximações das partes e terminou a greve dos professores por agora. Da parte da guarda avançada sindical, não tardarão a surgir mais motivos para continuar a lutar pela conservação dos privilégios da classe. É só esperar pelo novo ano lectivo. 
Mas houve excepções lamentáveis. Aquilo que ficou como a grande cedência de Nuno Crato foi a solução encontrada para responder ao problema dos "horários zero" (professores dos quadros de escola sem turmas para dar aulas). Para o cidadão comum, pouco habituado a estas garantias na segurança do emprego, nada mais estranho que conservar professores em escolas onde não são necessários, com os seus vencimentos e sem trabalho lectivo. Só fazia sentido, deixar de contratar docentes para serem entregues tais funções lectivas aos professores vinculados, na sua escola de sempre ou noutras da sua área geográfica. Pois ainda não vai ser desta que tal disparate é corrigido. Os ditos professores de "horário zero" continuarão a somar horas com ocupações caricatas (e como se inventam funções) de acordo com o seu estatuto (?) até poderem dizer que tem o seu tempo preenchido. Ou seja: tudo ficou como estava, a bem da estabilidade na "escola pública", pouco importa que sejam regalias exclusivas.   
Porque se trata de um escândalo sem paralelo na restante função pública, aquilo que desesperadamente a corporação dos professores tentava manter, no essencial continuará na mesma e tenderá a perpetuar-se até ao desaparecimento de excedentários. É outra hipótese de reformar alguma coisa que falha, mais uma excelente oportunidade perdida que os sindicatos aproveitarão para novos fôlegos. 
"Enquanto o pau vai e vem, descansam as costas" - talvez o que dirão pelo Ministério da Educação, depois das tréguas alcançadas... Nada como aguardar pelas consequências futuras desta incapacidade para reformar o que seja. Bruno Proença

Intervalo da festa. Enquanto houve folclore, variaram os números, tudo em nome da coisa. Alberto Gonçalves 

Nulidades que nos pastoreiam



Razões de sobra para desprezar desqualificados gabarolas preguiçosos. Pedro Braz Teixeira

Como o antro da manha apodreceu enquanto devorou dinheiro alheio. Vasco Pulido Valente

terça-feira, 25 de junho de 2013

Nem cresce nem aparece



Produzir dá muito trabalho   Portugal tem um terreno muito fértil. Não produz por causa do cimento. João César das Neves

Socialismo sem consagração



À boa maneira latino-americana, o populismo aguenta como pode os confrontos nas ruas do Brasil. O prometido milagre económico está em declínio. Agora é o pandemónio da contestação. Alberto Gonçalves

segunda-feira, 24 de junho de 2013

De que se ocupa a esquerda



O PROBLEMA DA ESQUERDA

O principal problema da esquerda é um problema teórico. O proletariado desapareceu e acabou por se tornar numa pequena-burguesia, sem aspirações subversivas mas com aspirações de estatuto e consumo, enquanto a grande massa dos trabalhadores desceu a uma categoria heterogénea e confusa, mais parecida com os "miseráveis" de Vítor Hugo ou com os sans-culottes da Revolução Francesa do que com o apoio certo e seguro que em Paris como em St. Petersburgo levou ao poder a classe média. Por outro lado, os capitalistas também já não aparecem à vista do público e são hoje uma entidade obscura e vaga que a esquerda trata por "banca usurária", "especuladores", "casino" financeiro e epítetos desta natureza sem utilidade prática ou significação precisa. Do patrão que estava ali, como em Soeiro Pereira Gomes, com o seu charuto e o seu automóvel, o "explorador" emigrou para uma nuvem, às vezes longínqua, às vezes próxima, nunca exactamente identificável.
A esquerda precisa de um programa e de objectivos. Mas, pela maneira como ela própria fala, esse programa e a imensidão de objectivos que dele derivam, que servem talvez para criticar parcialmente o passado, não servem para guia de acção. Nem manifestações, nem greves, nem uma ou várias greves gerais garantem a mudança do Governo ou do regime político e nenhuma delas contribui para o fim da miséria, que de ano em ano cresce. Ainda por cima, excepto o ocasional maluquinho, pensa seriamente em autarcia ou em desenvolvimento endógeno. Numa palavra, a esquerda depende do capital e, sobretudo, do capital estrangeiro, que desconfia dela e não porá cá dentro um único vintém, se não o obrigarem a essa absurda operação. Sem diabo e sem um salvador, a esquerda voltará pouco a pouco ao século XIX, onde verdadeiramente pertence.
Não por acaso o Papa Francisco se chamou Francisco - queria chamar a si os "pobrezinhos" - e não por acaso ressuscitou o diabo, por quem a Igreja se desinteressara, e que em 2013 ele recomeçou a perseguir a golpes de exorcismos. A esquerda portuguesa não tem na sua velha tradição esta arma terrível. Mas tem, em contrapartida, a arma (um pouco heterodoxa, admito) da revolução mundial: primeiro, na Europa; a seguir na América, e, lá para o fim, na Ásia. A duração do projecto permite indefinidamente a esperança e, enquanto espera, à esquerda cá do sítio com certeza que não faltará uma longa série de querelas para se ocupar. E se divertir.

Vasco Pulido Valente - Público

Os Sopranos e Holsten's



De repente e cedo demais. Carla Hilário Quevedo

Só podia ser do coração. Francisco José Viegas

Coimbra de mais encantos






domingo, 23 de junho de 2013

Super Lua de São João


"Super Lua" nos céus este domingo

Nos céus este domingo, a "Super Lua" fará a lua cheia aumentar o tamanho em 14% e atingir um brilho 30% superior, comparado com situações normais. O fenómeno só voltará a repetir-se dentro de 18 anos, segundo o Observatório Astronómico de Lisboa. Não esquecer: “olhar o céu”, esta noite.

Marchar contra o que queiram



Mais orgulho, menos armário, sei lá... Já não falta tudo. Há caminho para andar.


Vales do Douro




Vale Abraão



sábado, 22 de junho de 2013

Recordação de mães assim


Não conseguiste estudar, não faças o teste... Não te apetece comer mais, não comas... Onde já ouvimos disto? Inês Teotónio Pereira

Na era do Facebook


Zuckerberg não é o culpado. O problema do Facebook está entre o teclado e a cadeira, isto é, nas pessoas.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Verão com ajuda Google

Solstício de Verão 2013


Hoje, pelas seis e pouco chegou o Verão... e acaba de começar a noite mais curta do ano... Do calor, alguém sabe o paradeiro?


James Gandolfini, o gangster




Subitamente, com 51 anos, morreu Tony Soprano. Estava de férias, em Itália, com a família. Um dos grandes do cinema destes tempos. Afinal de contas, um chefe da máfia não morre velho, no sossego do lar, deitado na cama. Henrique Raposo

Depois, há criaturas a estudar a vida toda que nem professores justificam, quanto mais exames. Toca a tantos.  

Futebolês em anedota lamecha


OS MENINOS DE OURO

O chamado defeso é a parte da época futebolística que eu mais temo e desprezo. Temo, porque, invariavelmente, me traz sempre noticia da venda de algum ou alguns dos melhores jogadores do meu clube (enquanto os outros ninguém cobiça e é sempre uma dor de cabeça vermo-nos livres deles). E desprezo esta parte da época porque, entre tantos negócios de compra e de venda que se cruzam, vem sempre ao de cima o particular brio profissional e amor à camisola de tantos daqueles que passamos o ano a aplaudir como ídolos nossos. Afinal, este é um mundo desprovido de valores como lealdade, dedicação, respeito pelo clube. Há excepções, notáveis, mas a regra é esta. Por mais que a história se repita, em todos os clubes e em todos os defesos, não há maneira de os adeptos meterem na cabeça que os únicos para quem esses valores têm significado são eles próprios.
Fixemo-nos no exemplo nos chamados clubes grandes - que são os que têm mais adeptos, fazem mais negócios de arromba e onde a feira de vaidades e ambições encontra melhores oportunidades para se exibir. Quando, em proveniência de um clube menor, são contratados por um grande, os jogadores vêm entusiasmados: se são portugueses, logo declaram que são adeptos daquele clube desde pequeninos; se são estrangeiros, juram que há muito tinham o sonho de jogar ali. Assinam por 4 ou 5 anos, posam com a camisola, prometem que vão ser campeões e, depois de uma visita guiada à sala de troféus do novo patrão, garantem que estão muito bem informados sobre o clube, o futebol local e o pais ou cidade de acolhimento. Mas, quando se trata de emigrantes em pais alheio, jamais os ouvimos falar depois sobre o pais ou a cidade onde estão: nenhum jogador do Real ou do Atlético de Madrid alguma vez disse que tinha visitado o Prado; nenhum jogador estrangeiro do Chelsea, do Arsenal,do Tottenham, é suspeito de se ter sido visto na National Gallery ou num teatro de Old Vic; nenhum jogador, dos que agora correm para o Mónaco, sabe coisa alguma de Monte Carlo, a não ser que é um paraíso fiscal e tem um Grande Prémio de Fórmula 1. Nunca os vimos com um livro sobre a história do pais onde estão (mas também nunca vimos um jogador de futebol com um livro, uma revista ou um jornal, nada mais que os inevitáveis headphones, que acham o cúmulo do in)... fim de citação

Miguel Sousa Tavares - "A BOLA"

A Europa do último século



Como o velho continente agoniza e caminha para o fim anunciado, enquanto os irredutíveis crentes continuam a acreditar na salvação da comunidade de Estados da Europa. Vasco Pulido Valente 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Custos e contrapartidas


Já não vamos a tempo de inverter o rumo. E o caminho, teria de ser o que temos, sem alternativa? Estaremos preparados para este trajecto? Ângelo Correia

Cavaco assustado com o desemprego


Cavaco diz que 17,7% de desemprego é taxa que «assusta todos»

O Presidente da República considera que 17,7% de desemprego "é uma taxa que assusta todos" e defende que "esta realidade dramática" deve levar a um reforço da cooperação entre o Estado e as instituições de apoio social. "Nunca em Portugal, desde que existem registos estatísticos, se verificaram tão elevados níveis de desemprego, 950 mil desempregados, o que corresponde a uma taxa de desemprego de 17,7%, é um número que poucos preveriam há alguns anos. Destes, 560 mil são desempregados de longa duração e, entre os jovens, o desemprego atingiu os 42%". Cavaco Silva discursava na sessão de encerramento do seminário A Economia Social, o Emprego e o Desenvolvimento Local, organizada pela Cáritas, no auditório do Banco de Portugal.

Qualquer português atento considerará esta nova fase do desemprego a consequência mais dramática da actual crise. José Manuel Fernandes

Não é muito diferente



Descabida tanta indignação. Sendo de jogos esquisitos que se trata, também parece estranho o novo canal de televisão do Correio da Manhã ter concedido uma exclusividade temporária ao Meo, tal como aconteceu nos primeiros anos de transmissão do canal Q. É quase a mesma coisa.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Ministra do Trabalho da Alemanha


Para quem não saiba, esta senhora é Úrsula Von der Leyen, ministra no Governo de Angela Merkel. Uma germânica de 55 anos com 7 filhos, a quem os alemães chamam "mãe da nação".

Razões da miséria do País


COMO DE COSTUME

Não há ninguém em Portugal que não peça "crescimento": da direita à esquerda e à extrema-esquerda. Mas, desde o fim do século XVIII até hoje, e tirando uns 15 anos no fim da Ditadura, a economia não cresceu ou não cresceu tanto como se esperava e era preciso. O público informado atribuía geralmente a culpa desse perpétuo fracasso à organização política do país. Basta ler o que se escreveu sobre o assunto de 1820 para diante para constatar o desespero que o nosso melancólico "atraso" inspirava a toda a gente e a fúria com que se tratavam os sucessivos partidos do liberalismo. Isto levou primeiro à República e, a seguir, a Salazar. Infelizmente, nada mudou substancialmente com a experiência. A República preferiu fazer uma guerra inútil contra a Alemanha e Salazar achava a pobreza um dom do Altíssimo.
Qual é a razão última desta desgraça? O simples facto de que Portugal não tinha, e não tem, capital e um mercado doméstico capaz de absorver e fundar uma expansão a sério. Mesmo o progresso superficial da segunda metade do século XIX (estradas, comboios, algum melhoramento dos portos) foi pago pela Inglaterra e a França e criou uma dívida colossal, que iria explodir em 1891-92. Resultado: a indústria portuguesa acabou por se refugiar em cantinhos protegidos pelo desinteresse internacional: tecidos de má qualidade, como por exemplo a chita, a construção civil e, em muito menor escala, as conservas de Setúbal. E na agricultura, fora os cereais que o Estado indirectamente subsidiava e, como de costume, o vinho, a miséria continuava. Nenhum destes negócios (e a mercearia por grosso) chegava infelizmente para sustentar aventuras de outra dimensão.
Em 2013, a situação básica permanece. Falta o capital no Estado, na banca e também na esmagadora maioria de empresas, que a custo sobreviveram à crise. O mercado interno está na agonia, por causa do programa de "austeridade" que o Governo nos resolveu aplicar. E, como se isto não bastasse, a dívida aumenta e os juros são excessivamente altos. Coisa que não impede os peritos de recomendar, como aliás sempre se recomendou, que se recorra à putativa ajuda, aos fundos da "Europa", ao BEI e, de quando em quando, à mãozinha caridosa do BCE. Não se percebe que fruto trarão estas patéticas manigâncias, excepto o de alimentar fraudulentamente a esperança dos portugueses. Depois do som e da fúria da democracia, da sua enésima "modernização", Portugal voltou ao seu velho e lúgubre destino.

Vasco Pulido Valente - Público

terça-feira, 18 de junho de 2013

Soares com livre trânsito


Soares explora divisões no PSD

Mário Soares, bem ao seu estilo, nunca perde qualquer ocasião que lhe permita provocar. Como no caso destas referências a Pacheco Pereira e Francisco Assis.

No último encontro das esquerdas, Mário Soares aproveitou o apoio manifestado por Pacheco Pereira para salientar a abrangência da reunião na Aula Magna com algumas provocações: “Em Portugal, os sociais-democratas sempre foram do centro ou centro-esquerda, como o próprio Sá Carneiro defendia. O meu camarada Pacheco Pereira (?) não pôde vir mas pediu que lesse um pequeno texto. E continuou com a citação: Apoio o objectivo desta iniciativa para combater a inevitabilidade do empobrecimento. Sem política e sem escolhas, não há democracia. A ideia de que para um social-democrata lhe caem os parentes na lama por estar aqui só tem sentido para quem esqueceu Sá Carneiro: acima do partido e das suas circunstâncias está Portugal." 

"Um caso estranho no PS. Sempre tive uma grande consideração e estima pelo dr. Francisco Assis, meu correligionário, embora não o tenha apoiado para líder do PS. Achei que depois de ter sido vencido por António José Seguro se comportou com enorme dignidade. Mas desde há um ou dois meses começou a descarrilar, fazendo elogios a quem os não merece e tomando posições inverosímeis para um socialista. Em que ficamos? Espero que reflicta - porque o estimo - para que não seja visto como oportunista."

Só com limpeza geral



O ensino em Portugal é bom exemplo do Estado português capturado pela máquina corporativa, só para defender o direito de pôr e dispor da mediocridade, sem grandes responsabilidades, tudo em nome da escola pública. Helena Matos

Os professores portugueses são dos grupos mais reaccionários a negar as mudanças, com a protecção de sindicatos, cuja única preocupação dos últimos anos tem sido a manutenção de privilégios inadmissíveis. Bruno Proença

A escola pública chegou a este estado porque é uma instituição que teima em ser pensada segundo os interesses corporativos dos professores e não em função dos alunos. João César das Neves

Grandes protagonistas do inestimável serviço prestado à escola pública do País. Henrique Raposo  

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O encorpar da oposição


Pedro Passos Coelho

A perda de legitimidade do Governo de Passos Coelho na perspectiva da esquerda nativa. Vasco Pulido Valente

Como a esquerda resolveu achar que o governo perdeu legitimidade para governar. José António Saraiva

Protestem as famílias



No início de cada ano o Ministério da Educação estabelece o programa de todas as actividades lectivas e calendariza a época de exames. As provas que hoje se iniciaram têm datas fixadas e são do conhecimento de professores, alunos e famílias há alguns meses. Os sindicatos dos docentes, quando concluíram que da parte do ministério não haveria mais cedências para as suas extremadas reivindicações, avançaram com a chantagem de fazer coincidir a greve com o dia de exames de Português, a prova que mobiliza o maior número de alunos e de professores. Por que carga de água deveria ter sido o ministério a alterar o dia deste exame e não os sindicatos a mudar este dia de greve? Quem é inflexível e intransigente nesta história toda? Quem usa os alunos sem respeito e sem pudor? Quem se acha no direito de apenas exigir a cedência da outra parte? Quem será mais desonesto e sem vergonha neste embuste?  As famílias dos alunos sabem. Porque não se indignam?

Vai sobrar para alguém



Enquanto os artistas lembram maravilhas... há quem recupere outras memórias estudantis:
"No liceu, recordo meia dúzia de almas competentes e uma dúzia de almas esforçadas. E é claro que não esqueço um certo professor de história económica na faculdade. O resto foi uma imensa perda de tempo, às vezes uma tentativa de desvitalização do cérebro e, muito por feitio meu, uma longa tortura, que nem as benesses escolares alheias às aulas resgataram. Levei com gente que nos forçava à escuta de "Zeca" Afonso, gente que presumia a familiaridade de adolescentes com Schrödinger, gente convencida de que Pierre Bourdieu era um pensador, gente parcialmente analfabeta, gente que corria para a janela a cada avião, gente que sumia o ano inteiro mediante "baixa" (e juro que não me importava), etc. Fabricar uma imagem idílica da docência é equivaler as fraudes aos profissionais sérios - e caluniar estes". 
Isto, quando alguns representantes dos trabalhadores acreditam numa grande jornada de luta, e quando já pouco tempo falta para acabar a ansiedade de grande parte dos alunos. Alberto Gonçalves

domingo, 16 de junho de 2013

E acabar com a Fenprof?



Advertência: "No caso de acharem que este post é um bocadinho irónico, têm toda a razão." Henrique Monteiro

Fidelidade a princípios



Afinal de contas estudamos na mesma faculdade. Quase tudo acharia possível mas nunca fui tão longe. Clarividência.

Viver de forma plena



Porque os arcos não seguem as flechas, aprender a agarrar o essencial e a largar o resto. José Luís Nunes Martins.

Chegar com o sol

...e o dia pode começar assim:


sábado, 15 de junho de 2013

Notícias populares


As melhores novidades para agitar as massas e pôr o pagode a fazer contas e comparações. O fanatismo dos emblemas sempre desculpa as maldades e idolatra os seus ídolos. Mas quando é ocasião de reparar no dinheiro que acumulam ou estragam, alto lá, pródigas criaturas. Ainda para mais, não cumprir as obrigações fiscais iludindo a feroz perseguição do fisco. Como se tal dever fosse cumprido voluntariamente. Como seja, é compreensível, sobretudo em fase tão difícil. No entanto, esta coisa de vigiar as estrelas da bola e fechar os olhos às trapaças dos clubes que tudo patrocinam, pouco abona em favor da tão propalada justiça fiscal. Paraíso o celestial.  

Não escarmentam



A culpa é daqueles que insistem em bulir com a criatura. Henrique Monteiro

Socialismo e filhos de outras mães


Com histórias bem contadas, nem as crianças resistem ao sentido de justiça. Depressa ou devagar acaba por prevalecer. Inês Teotónio Pereira





Alternativa à manifestação de professores: ida ao cinema. João Pereira Coutinho

"Pelo emprego público garantido"



Hoje, a casta dos sindicalistas vai sair à rua para manter o bando mobilizado nos dias de greve aos exames, e com gritaria, tentar convencer a populaça das suas nobres razões. Aos professores já nem as garantias de outros funcionários públicos lhes bastam. Querem continuar com um conjunto de privilégios inadmissíveis. E porque vale tudo, esta greve é uma chantagem indigna que só prejudica os utentes e desafia o governo. Afirmar que é luta pela escola pública é uma trapaça. José Manuel Fernandes.