O problema é a organização do território ou a desorganização das criaturas? é de tudo aquilo que arde ou de quem põe a coisa arder? João Marcelino
sábado, 31 de agosto de 2013
Constituição e Democracia
É verdade! Em Portugal a democracia é uma chatice porque é regida por uma constituição que protege uns quantos privilegiados em detrimento dos habituais enjeitados.
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
E levarem uns estalos seria razoável?
Depois do chumbo da mobilidade, os sindicatos queram a
fiscalização sucessiva da lei das 40 horas semanais de trabalho na
administração pública. Acham que não é
razoável pedir mais horas de trabalho sem aumentar a remuneração. É fácil
concordar. Mas quem vive tempos razoáveis? Deveria o Tribunal Constitucional
levar isto em conta, uma vez que tem de haver limites? E aquilo que nunca foi
considerado inconstitucional e não é, de todo, razoável? Não é razoável haver
centenas de milhares de pessoas que querem trabalhar e não podem; não é
razoável o Estado ficar com 80 por cento de rendimentos de pessoas que apenas
vivem do trabalho; não é razoável termos uma dívida de 131% do PIB; não é
razoável termos deixado às gerações futuras enormes calotes; não é razoável
vivermos de constantes défices; não é razoável termos sido obrigados a pedir
apoio à troika a fim de termos dinheiro para pagar os salários da função
pública, entre outras coisas. Sendo as 40 horas semanais o horário normal na actividade
privada, e sendo o Estado o sector em maiores dificuldades para se ajustar, a
quem poderá parecer injusto? Mesmo que não se faça ideia o que entenderão os
doutos e veranistas juízes do TC… Henrique Monteiro
Senhores dos destinos do mundo
UM CASO
O que surpreendeu nas reacções que a morte de António Borges
provocou foi o excesso da esquerda e da direita. A esquerda, sobretudo na
Internet, não se coibiu de manifestar o seu contentamento, como se o homem
fosse um criminoso, que por sua alta recreação queria reduzir Portugal à
miséria. A direita tratou o caso como se António Borges tivesse sido uma alta
personagem do Estado ou da sociedade portuguesa. Para quem passou a maior parte
da sua vida activa no estrangeiro e fez lá o substancial da sua carreira, desde
o Insead ao Goldman Sachs e ao FMI, esta homenagem um tanto inesperada pareceu
inexplicável. Da obscenidade moral da Internet às declarações do Presidente da
República, do primeiro-ministro e de algumas dezenas de notabilidades vai um
abismo.
Isto à primeira vista não se percebe. Mas, se pensarmos no
ascendente que a profissão de economista tomou em Portugal, é logo claro que
António Borges era uma personagem importantíssima de um pequeno grupo que se
julga destinado a governar Portugal e que atribui a desgraça para que o país
pouco a pouco resvalou ao simples facto de os políticos há 30 anos se recusarem
a seguir as suas receitas. De um lado, a ignorância triunfante dos partidos. Do
outro, a infalível sabedoria de uns tantos privilegiados, que se educaram em
Princeton ou em Harvard, em Stanford ou em Yale. E o extraordinário é que a
generalidade da classe média acredita nesta visão do mundo. Basta ver o
deslocado respeito que recebeu a mediocridade de Vítor Gaspar; e a absurda
imputação a António Borges dos males da Pátria, para que ele não metera nem
prego, nem estopa.
De qualquer maneira, o antagonismo entre esquerda e direita
a propósito deste episódio serviu para mostrar uma coisa muito simples: que a
economia não é uma ciência. Ninguém abriu a boca senão para se aliviar de
argumentos puramente ideológicos, contra ou a favor de uma doutrina ou para
elogiar António Borges como se elogia um militante de uma Igreja ou um velho e
seguro revolucionário. E mesmo na direita e no centro moderado se reconheciam a
olho nu as fracturas de escola. Os senhores da economia reclamam para ela o
estatuto da medicina, por exemplo, mas quando se põem a perorar é para se
agredirem ou para tentar impor as verdades de fé, que eles próprios não
compreendem muito bem.
Vasco Pulido Valente - Público
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Mundos detestáveis
Uma coisa é noticiar a importância de uma personalidade na
sociedade portuguesa, outra coisa é ter opinião sobre ela. E acerca de António
Borges continua a ser destacada a sua influência negativa para a sociedade, decorrente
da passagem deste homem notável por lugares cimeiros da
economia mundial. Uma pessoa que, para alguns, concebia o mundo com uma visão detestável. Pedro Tadeu
Retirando tudo aquilo que a esquerda ortodoxa faz questão de não esquecer, desapareceu um homem que sabia pensar Portugal e tinha uma ideia liberal sobre o País, bem para lá das alternativas enquistadas do PS ou do PSD. Paulo Pinto Mascarenhas
Férias e saudades
Daquelas férias em que não se pensa em horas para deitar ou
para acordar, em que se planeia o dia meia hora antes das coisas acontecerem,
ou seja, em que não se planeia o dia, porque o dia vai acontecendo sozinho.
Férias assim é que são férias. São das que servem para tantos de nós apenas recordarem como
férias de antigamente... Inês Teotónio Pereira
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
A caminho de Viseu
Vale a pena prestar atenção ao concelho de Oeiras, o mais
educado do país. Repare-se que não se trata de um concelho de campónios
iletrados como Viseu, onde parece que o antigo presidente passa cheques aos
munícipes no adro da igreja. Pois é. O ilustríssimo concelho de Oeiras, de
acordo com as sondagens, prepara-se para eleger um presidiário, ou pelo menos
alguém em seu nome, para presidir ao município. Não se trata de um indivíduo de quem
simplesmente haja suspeitas, mas um efectivo condenado, já a bater com o
espinhaço na Carregueira... Luciano Amaral
França da zombaria
O RIDÍCULO MATA
Disse há dias que o Ocidente se tinha mostrado cauteloso e,
até certo ponto, desinteressado da guerra civil da Síria. Não me lembrei da
França, que se julga desde o princípio do século XIX a entidade redentora da
humanidade. Não só, segundo a ortodoxia, ensinou a liberdade aos povos, com a
grande revolução de 1789-1794 (que, por acaso suprimiu qualquer vestígio de
liberdade), mas serviu de modelo a Lenine e aos bolcheviques no glorioso golpe
de Estado de 1917. Esta fé continua a ser essencial à cultura política do
Estado e da "inteligência". Infelizmente, depois de 1815 e da derrota
definitiva de Napoleão, a França nunca foi mais do que uma potência de terceira
ordem; e desde o fim da II Guerra perdeu mesmo a "supremacia"
cultural, que sempre lhe dava algum consolo e importância.
Hoje quase desapareceu. Apesar de uma literatura
incomparável, pouca gente lê a sua língua. Pátria da "haute" e da
"baixa" cuisine, é agora, a seguir à América, a maior consumidora per
capita da fast food do McDonalds. E o resto nem merece discussão. O que
aparentemente deixa a França sem meios para afirmar a sua "grandeza".
Neste compreensível desespero, o socialista François Hollande, a quem falta a
pose e a oratória do general de Gaulle (e também o talento político), resolveu
ressuscitar o velho belicismo do país: uma escolha tradicional, mas sem dúvida
um pouco estranha, porque a França não ganha uma guerra de 1918 para cá. De
qualquer maneira, o terrível Hollande, no meio de uma economia em estagnação,
já se meteu na insurreição contra Kadhafi e nos conflitos do Mali. Com certeza
que lhe soube bem esta espécie de "glória".
E a Síria não lhe podia ficar indiferente. Primeiro, porque
foi um mandato francês (de facto, uma colónia com outro nome). Segundo, porque
as barbaridades de Assad manifestamente chamavam "a grande redentora da
humanidade". Enquanto as verdadeiras potências (a América, a Rússia, a
China e a Inglaterra) tentavam não se imiscuir numa guerra que não compreendiam
e que envolve uma apreciável parte do Médio Oriente muçulmano (o Irão, o
Iraque, o Qatar e a Arábia Saudita) - Hollande proclamou o dever de punir Assad
e o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, pregava na
televisão a necessidade de usar a "força". Como os franceses dizem, o
ridículo mata.
Vasco Pulido Valente - Público
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Manicómio aplicado
Qualquer fogacho serve para o pagode ficar arder. Estica a mangueira, água na coisa. Henrique Monteiro
Eterno líder da renovação
A principal razão porque sempre foi a desejada alternativa
para liderar o PSD e nunca chegou a liderança dos modernos sociais democratas. António Costa
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Fingir com simulacros
Quando o homem-sombra resolve celebrar uma tragédia com um simulacro. Grandes ideias de grandes líderes alternativos.
Democracia não é para todos
DEIXEM O ISLÃO TRATAR DE SI
Na Síria, 1300 pessoas foram assassinadas com gás,
provavelmente com gás sarin. A televisão e os jornais do Ocidente reagiram com
indignação e ultraje. Os governos, manifestando a sua "preocupação",
anunciaram que, por enquanto, esperariam pelos resultados de um inquérito da
ONU ainda no princípio. O inquérito tem dois fins. Primeiro, averiguar se de
facto se usaram armas químicas contra as vítimas (sarin ou outro gás qualquer).
Segundo, descobrir os responsáveis pelo massacre: o Governo de Bashar Al-Assad
ou o exército rebelde. Em princípio, isto pode parecer monstruoso. Mas sucede
que, em Março, um ataque de sarin já matara indiscriminadamente 27 indivíduos,
não se sabe - e nunca se conseguiu apurar - se opositores, se apoiantes de
Assad. E que o próprio Obama admitiu que "as provas não eram
suficientes".
Esta ignorância justifica agora que a América e a Europa
tomem uma atitude "cautelosa", tanto mais que o horror dos
jornalistas não se comunicou ao público. O que é, de resto, muito
compreensível. Ninguém quer uma nova intervenção militar, seja ela
"cirúrgica", como hoje se diz, ou francamente "em força".
Os fracassos do Iraque, do Afeganistão e da Líbia não encorajam uma política
árabe de aventura. Obama pensa, muito pelo contrário, em recolher as tropas que
continuam na Ásia; e à Europa, coitada, falta a capacidade e o dinheiro para
mais do que ajudar a insurreição contra Khadafi. As palavras
"moderadas" da diplomacia ocidental não exprimem mais do que uma impotência
cada vez mais notória. Um George Bush chegou. O polícia da nossa tão badalada
civilização acabou.
A França e a Inglaterra perderam pouco a pouco a arrogância
e os tiques de grandes potências, que nem a II Guerra lhes conseguiu tirar e
que só a triste figura de François Hollande tentou ultimamente ressuscitar (na
Líbia e no Mali). Mas, no caso da América, as coisas são mais complicadas,
porque a primazia económica e militar da América, apesar de tudo, permanece e,
em parte, aumenta. Esta circunstância leva a direita do Partido Republicano a
exigir a guerra contra Assad, o apoio aos militares do Egipto (contra a
Irmandade Muçulmana) e a "regularização" da Líbia. Não bastou a essa
gente os milhares de mortos do Iraque e do Afeganistão, os milhões de refugiados
do Iraque e da Síria, os desastres sem nome que provocaram. Pedem mais.
Esperemos que Obama resista às vozes da loucura, que se voltaram a ouvir.
Vasco Pulido Valente - Público
domingo, 25 de agosto de 2013
Frivolidade e lentidão estival
Bruma persistente, sol na moleirinha, brisa na testa, delírios periféricos, é urgente uma chuvinha. Paulo Pinto Mascarenhas
Dia do Senhor... Professor
Os comentários fazem caminho e tornaram os factos quase dispensáveis. É na televisão que se joga a força da ditadura da opinião. E
aí, o professor Marcelo é o mais brilhante comentador político. Goleia os adversários
das TVs e transforma em amadores outros insignificantes competidores. No caso
dos políticos que comentam nas televisões, os seus comentários passam muitas
vezes a factos para serem comentados pelos outros comentadores. Já ninguém sabe
o que factualmente aconteceu. Sabemos todos o que é suposto ter acontecido, de
acordo com a opinião dos comentadores. Nunca foi consumida tanta informação e,
paradoxalmente, nunca valeu tão pouco o jornalismo... Paulo Baldaia
sábado, 24 de agosto de 2013
E ainda agora começou
Mas que raio de gente dirige este clube que, começa por renovar com um treinador desgastado, continua a investir em jogadores sem qualquer critério, fora a péssima gestão de vários amuos e birras? De que servirá o figurante que preside ao grémio, correr para o balneário a fazer de conta que está zangado com os seus jogadores e técnicos, logo após o primeiro desaire no arranque das competições? Quem o levará a sério, qual a eficácia do correctivo? Para onde vai o Benfica?
A seca da praia
De manhã ou de tarde, a praia pode fazer bem ou ser boa para muita coisa. Mas quando deixamos de ser crianças, não deixa de ser um longo aborrecimento, nos muitos ou poucos dias que lhe destinamos. Carla Hilário Quevedo
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Perceber um país de mistérios
Guia prático para perceber Portugal, um país em que a fé é um
dogma da economia e as reformas indolores mais os cortes com olhos só podem
acontecer em Dia de São Nunca. Helena Matos
O que preocupa a Alemanha
O PROTECTORADO
Muita gente sofre, como Paulo Portas, com a situação de
protectorado a que a dívida e o défice nos fizeram descer. Não têm razão para
se afligir. Em primeiro lugar, porque a responsabilidade do euro não é nossa, é
principalmente do sr. Mitterrand, esse génio por quem tanto se chora, e do sr.
Kohl, um dos "pais" da "Europa" em que vivemos. E, em
segundo lugar, porque este protectorado continua, numa forma branda, uma velha
tradição portuguesa. Desde o fim do século XVIII à Ditadura de Salazar, a
Inglaterra mandou em nós sem qualquer restrição: armou exércitos, punha e
dispunha dos governos, proibiu partidos (como, por exemplo, o de Costa Cabral
em 1847), sustentou (ou não sustentou) as nossas finanças como lhe convinha e
até exigiu receber directamente uma parte das receitas do Estado, sem perturbar
o indigenato por aí além.
A hegemonia, no sentido próprio da palavra, da Alemanha, sob
capa da troika, não nos deve hoje indignar como caso único. A Alemanha, de
resto, não se interessa particularmente por nós, de quem não quer ou espera
nada. A espécie de ditadura que nos resolveu impor não passa de uma medida
profiláctica. O euro, como se sabe, exige uma união política para as coisas
correrem bem e essa união política é pura e simplesmente utópica. Entretanto, a
Alemanha vai vendo com horror a aproximação do momento em que se tornará o
último recurso da irresponsabilidade interna de umas dezenas de países. Se
decidiu ser de uma particular severidade connosco e com a Grécia foi para não
abrir um precedente. O que a preocupa é a França, que se recusa a qualquer
reforma substancial e que não tardará a cair no buraco em que nós caímos.
Ora se o nosso problema e o problema da Grécia se resolvem
com uns trocos, uma eventual ajuda à França, e com ela à Itália, provocaria
provavelmente uma inflação descontrolada. E não existe na Alemanha um medo
maior: a memória activa da grande inflação, que as duas desastrosas guerras do
século XX provocaram, continua a dirigir o cidadão comum. E, segundo uma
sondagem séria, o dito cidadão comum prefere o cancro a uma terceira catástrofe
financeira. Neste aperto, a sra. Merkel tenta tranquilizar a populaça com a sua
intransigência e rigidez, enquanto um pouco à socapa ajuda Portugal e a Grécia
a não irem ao fundo. Mas, como não autoriza ou determina directamente o nosso
orçamento, a nossa dívida e a nossa política, não parece que chegue muito
longe. Neste protectorado, o protector gostava principalmente que não o
maçassem.
Vasco Pulido Valente - Público
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Fartos de trapaças
Tirar um curso - não devia ser para ir dar aulas... na falta de trabalho na área de formação ou de melhor emprego para quem for diplomado. Foi assim que governos e sindicatos, em conluio durante décadas, alimentaram um monstro de muita despesa e pouco rendimento, e que começou por ser paixão da educação. Agora são as corporações que nos querem fazer crer que ainda se luta pelo futuro de tantos professores desempregados e pela salvação da escola pública que está ser destruída. Manuel Tavares
Fiel retrato do país que somos
Abominar a esquerda não significa conviver com a direita.
Sobretudo em Portugal, onde a dita parece vastamente povoada por tontos e
tontas. A nossa direita é gente orgulhosa do berço dourado e gente envergonhada
das origens humildes. No fundo, trata-se de uma contrapartida adequada aos
preconceitos da esquerda, que tanto odeia os que nasceram ricos quanto os que
se fizeram ricos. Nos lugares com alguma tradição liberal, a ascensão é que
merece louvores. A subida na escala social é não só sintoma de liberdade
colectiva: a sinceridade dos seus protagonistas é também sintoma de
inteligência individual. Afinal, que mérito sobra à criatura que deve
exclusivamente a prosperidade aos antepassados? E que discernimento se atribui
à que finge a prosperidade dos mesmos? Os portugueses envaidecem-se daquilo
para que nada contribuíram e escondem as provas do próprio esforço... Alberto Gonçalves
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Tretas e embustes
O QUE SE PREPARA
Não tenciono comentar a impostura que por aí se chama
"reforma do Estado" e que sempre começa com a redução das pensões dos
reformados, porque é mais fácil e, com a possível excepção do CDS, não
prejudica muito os partidos. Não se tocou, por exemplo, na administração local,
porque a administração local continua a ser, para o PS e o PSD, uma base de
recrutamento e a máquina indispensável para se financiar e ganhar eleições.
Claro que o movimento da população para o litoral, o manifesto custo de 308
câmaras, na maior parte sem qualquer espécie de utilidade, e a megalomania dos
políticos da província exigiam medidas drásticas. Mas como se iriam então
aguentar as "concelhias" que são em Portugal a única e precária raiz
dos partidos que formam e sustentam o regime vigente?
De qualquer maneira, a redução geral da despesa do Estado,
que a troika impõe ou vai impor, implica uma revolução violenta nos costumes
que se estabeleceram desde o "25 de Abril". O pagamento dos
"militantes", que se fazia em "negócios", subsídios, num
ocasional lugar no Parlamento e, sobretudo, em carreiras favorecidas na função
pública, não consegue com certeza sobreviver ao desaparecimento dos dez mil
milhões que gastávamos regularmente a mais. Mas ficam, em princípio, o programa
e a ideologia de cada partido? Não ficam. Tirando o Bloco e o PC, que só valem
para o protesto e o desabafo, nada de essencial distingue o PSD, o PS e o CDS.
Há ainda, como é óbvio, o que numa nojenta metáfora futebolística os
aficionados descrevem como "amor à camisola".
Só que nenhum "amor à camisola" resiste à derrota
ou à decadência de um clube ou de um partido. Quando se perderem as vantagens
da fidelidade ao PS e ao PSD, pouca gente os levará a sério. O futuro não está
ou voltará a estar neles. Têm de se procurar outros caminhos para sair do
desemprego (principalmente, quando se é "jovem") ou para não deslizar
pouco a pouco para a miséria: a emigração, claro; a pequena empresa; o
raríssimo lugar numa multinacional; ou a resignação ao trabalho precário, que
tanto excitou neste Verão os srs. ministros. Seja como for, os partidos, que já
ninguém estima ou leva a sério, acabaram no ar, sem uma verdadeira ligação à
sociedade. O espectáculo da eleição para a Câmara do Porto é já um bom sintoma
do que se prepara: o caos.
Vasco Pulido Valente - Público
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Importância de ter opinião
Andam todos ao mesmo, os que acusam e os que defendem. O que é preciso é aparecer e achar qualquer coisa.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
O papel de Cavaco
Os portugueses estão a fazer a sua parte. Agora é a vez de
quem os lidera de impedir o País de ficar desgovernado. Os que são e os que venham a ser governo.
Descompor banalidades
PORTUGAL DESCANSADO
O dr. Pedro Passos Coelho foi ao Pontal, lugar sagrado da
sua seita, onde se aliviou de um emaranhado de frases sem ordem, sem clareza e
sem gramática. Parece que o nosso querido primeiro-ministro confia nas suas
qualidades de improvisador e não se dá ao trabalho de escrever os discursos com
que pretende informar os portugueses. Os portugueses ficam na mesma; e os
comentadores de jornal ou de televisão tentam depois (e nem sempre conseguem)
extrair algum sentido do que o cavalheiro disse. Anteontem, pareciam bruxas à
volta de um endemoninhado. Nem o próprio público jantante o percebeu. Quase que
não se ouviram palmas naquela audiência tratada a arroz de pato e muito bem
sentada em cadeiras de um hotel qualquer. Se aquilo é um partido político (e
eles juram que sim), não sei o que sucedeu à política.
As competências da nova raça que ultimamente chegou ao poder
(com ou sem uma licenciatura reconhecida e "normal") não vão além de
um certo talento para a intriga e as relações públicas, do servilismo
indispensável à sua eventual promoção e de uma raiva indiscriminada e
automática a quem lhes pede um módico de responsabilidade ou lhes põe um
obstáculo incómodo. A iliteracia é a sua qualidade comum. Sexta-feira, Pedro
Passos Coelho falou como um exemplar típico desta gente, ou seja, como
presidente da JSD. Tanto quanto consegui compreender, este presidente da JSD,
que inteiramente por acaso manda em Portugal, acha que a leve aragem económica
que no segundo trimestre passou pelo país confirma a subtileza e a correcção da
sua política. Qualquer pessoa com um ou dois neurónios percebe a loucura de
comunicar à populaça uma enormidade tão falsa e tão ridícula. Passos Coelho não
percebe.
Verdade que ele não se esqueceu dos "riscos" que
ainda nos separam da felicidade e claro que ele não tem nada a ver com os ditos
"riscos". Há o "risco" de a "Europa" não
"crescer". Há o "risco" de o Tribunal Constitucional armar
por aí outro sarilho. Há o "risco" de os ministros se atrapalharem
com a "execução" do Orçamento. E há também uma dúzia de
"riscos" menores, como manifestações da esquerda que desfaçam a nossa
perfeitíssima "coesão social". O dr. Passos Coelho anda a levar uma
vida perigosa, no meio de inimigos que lhe querem mal. Mas, num assomo de
grande coragem, lá acabou por desembuchar os dois recados que o tinham arrastado
para o Pontal. Eram eles: que, mesmo que "perdesse" a guerra das
câmaras, não saía do Governo; e que, apesar dos pessimistas (suponho que do
partido), ele ia com certeza ganhar a guerra das câmaras e, portanto, não saía
do Governo. Portugal adormeceu descansado.
Vasco Pulido Valente - Público
domingo, 18 de agosto de 2013
Lisboa como única certeza
O desastre eleitoral que se aproxima. Afinal quem vai sair em pior estado? Uma luta na pior altura que promete mobilizar fiéis. Nicolau Santos
Que dependência de Berlim
Como diria Herman, Ângela é que é a presidente da Junta. E
não vale a pena esperar que muito se altere com o êxito ou o fracasso da Chanceler, nas
eleições alemãs do próximo mês. Paulo Pinto Mascarenhas
sábado, 17 de agosto de 2013
Perfis falsos nas redes sociais
Por enquanto que se saiba, ainda nenhum escritor célebre quis passar por
anónimo no Twitter. Carla Hilário Quevedo
Dizer não às anedotas
Primeiro as pessoas tão dedicadas ao serviço público, as que recusam não cumprir todos os mandatos permitidos, mais as que teimam em contornar a lei e foram pregar para outra autarquia, toda essa gentinha que se dedica a servir-se da coisa mas que não se servirá do voto de muitas criaturas. Alberto Gonçalves
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Boa ideia para falar futebolês
Quem defenda místicas, paixões, orgulhos, nações, não pode deixar de apoiar uma revolução completa na coutada da bola dos nativos. Para não ser mais um dos lampiões ou morcões... Ir à bola em família.
Realidade cá dentro e lá fora
Regresso ao Pontal em 2013 para confirmar previsão feita há um ano, o tal disparate que parece ter deixado de ser. Agora, o que nada convinha ao País era o alvoroço das autárquicas até finais de Setembro. Pedro Santana Lopes
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Portugal também já cresce
Quando o crescimento surpreende, acima de todas as previsões, nas principais economias europeias. Nicolau Santos
Europa dos vícios
ESTAMOS SOZINHOS
Não há conversa pública ou privada que não chegue à mesma
conclusão: quer queira, quer não queira, a Europa tem de nos salvar. Mas como?
Financiando generosamente, e por interesse próprio, o desastre em que nos
metemos. Por outras palavras, pagando a dívida, ou boa parte dela, reduzindo as
taxas de juro e, talvez por caridade, investindo na nossa desgraçada economia.
O pessoal político (incluindo os comentadores) percebe que essa nossa putativa
benfeitora não anda bem, para não dizer que anda muito mal. Mas não percebe
porquê. Para uns, porque Delors e Kohl foram substituídos por gente menor; para
os socialistas, porque a direita manda; e para o cidadão pouco informado por
causa da infinita maldade da sra. Merkel e da fraqueza do sr. Hollande.
Mas ninguém se pergunta se a Europa pode de facto ser
"solidária" (para usar a expressão comum). O que não deixa de ser
curioso, porque, entregue a si própria, ela nunca o foi. O famoso século de
paz, que precedeu a I Guerra, não se distinguiu pela sua cordura e, no fim, era
um impossível novelo de suspeitas, de manobras, de ambição e de conflito, que
em 1914 ninguém conseguiu impedir que explodisse. Pior ainda, só a intervenção
da América impediu que a matança continuasse indefinidamente ou se resolvesse
por exaustão ou simples miséria. Sucede que a América (o Congresso americano)
se recusou a tutelar a Europa arrasada e ressentida de 1918 e voltou ao
isolacionismo. É sabido o que sucedeu depois: do império hitleriano ao império
de Estaline, o horror prevaleceu durante 40 anos.
No extremo ocidental, a América e a Inglaterra, com
exércitos de ocupação, impuseram uma certa ordem e algum crescimento e a Europa
até se julgou curada da sua velha história e um cúmulo de virtudes que o mundo
devia imitar e venerar. Infelizmente, o colapso da URSS (e do comunismo em
geral) desinteressou a América da Europa e esta Europa de hoje recaiu na
competição e na mesquinhez do passado, sob a sombra da Alemanha que redescobriu
sem vergonha ou remorso as suas pretensões de hegemonia. A moral é clara: sem a
influência (e o domínio) de uma potência que a ponha na ordem, a Europa reverte
aos seus vícios. A "solidariedade" (linda palavra) não existe e menos
para nós que não pesamos nas conversas dos "grandes" com os seus
vassalos. Estamos sozinhos e sairemos, ou não sairemos, sem qualquer ajuda.
Vasco Pulido Valente - Público
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Requalificação de tanta coisa
Na Praia da Coelha e com o Coelho Pedro por perto, mantém vigilância à mosquitada algarvia. Cavaco e reflexões, leituras, sonecas. Quanto aos quebra-cabeças, o Tribunal Constitucional está lá para averiguar o que deve. Falta saber se voltarão a servir mais do mesmo. Bruno Proença
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Estado a que isto chegou
Há dias, um caso perdido do jornalismo indígena decidiu que
a mania do Governo em promover briefings regulares é um exercício fascista, na
medida em que visa o controlo dos media. Não vou cair no ridículo de sugerir ao
tal caso perdido que se informe um pouco mais sobre o estilo do regime de Mussolini.
Limito-me a constatar que os briefings em causa de fascistas não têm nada; de
inúteis têm imenso... Alberto Gonçalves
Portugal tão portugês
O "NOVO CICLO"
Passei as férias, como compete à minha idade e à minha
condição, a ler e a dormir, sem pôr um pé na rua. Assisti à trapalhada política
que tanto comoveu o país de muito longe: alguns jornais com o café da manhã,
uns minutos de televisão (normalmente sem som), os dois discursos de Cavaco e
pouco mais. Acabei por concluir que, no fundo, não aconteceu nada. Uma
vulgaríssima zaragata no Governo, conversas sem sentido com o Presidente da
República, a obrigatória tentativa de conciliação das partes e no fim as mesmas
caras a dizer o que sempre disseram e que toda a gente já sabe de cor e um
estreante (parece que prometedor). Na essência, as coisas não mudaram e não
mudarão tão cedo. É isto a vida habitual de uma democracia parlamentar à moda
clássica.
Se o país se entusiasmou, foi porque se julga em crise. Ora
se em 2011, quando de repente se descobriu a extensão da nossa miséria houve
uma crise, agora não há crise nenhuma, há o longo processo do nosso
empobrecimento que nem Cavaco, nem os partidos conseguirão parar. Durante anos,
se tivermos sorte, veremos o espectáculo patético de um governo a sair e outro
a entrar, excitando os comentadores e deixando os portugueses cada vez pior. Os
portões de Belém vão abrir e fechar como nunca abriram ou fecharam antes. Cá
fora, a gritaria irá diminuindo. Não existe grande risco para o regime, porque
não existe qualquer alternativa: ninguém hoje acredita na República, no
comunismo ou na ditadura. De resto, o Exército, profissionalizado e pacífico,
não é capaz de um verdadeiro "golpe" e menos de tomar conta dos
sarilhos correntes.
Só o colapso da Europa e a devolução à força da nossa
soberania podem eventualmente produzir aqui perturbações de consequência (uma
inflação descontrolada, por exemplo). Mas também na Europa não se podem esperar
acontecimentos dramáticos. A decadência dessa extraordinária utopia será por
natureza intermitente e lenta e dará tempo para cada um se ajeitar segundo o
seu gosto. É claro que a nossa tendência para a asneira não irá miraculosamente
desaparecer; e que o "povo" com certeza que descerá à
"rua", sem saber o que quer, nem perceber o que pede. Não importa. O
nosso velho conservadorismo, que até persiste em se agarrar a Pedro Passos
Coelho, não gosta de excessos. E o que sucede em Portugal, por definição, é
português.
Vasco Pulido Valente - Público
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
O pitbull Zico virou Mandela
Em nome da liberdade e da esperança, é assim que se homenageia uma figura como Nelson Mandela? Estranha forma de reparar injustiças. Como se vai expandindo o zoológico. João Pereira Coutinho
Dogmas por demais evidentes
Há duas formas de ser conservador: ser tradicionalista
porque sim, ou querer conservar princípios e valores que são inalteráveis e
independentes de circunstâncias, modas ou dos tempos. Defender valores
absolutos que, por definição, são alheios ao relativismo dos acontecimentos... Inês Teotónio Pereira
domingo, 11 de agosto de 2013
Ao som de bombos na 'manta rota'
A democracia norte-americana possui um bom instrumento que
deveria ser copiado pelos governos portugueses: o Senado, uma das duas Câmaras
do Congresso, tem competência para confirmar os membros do Governo que um
Presidente pretende nomear. Só que por cá, qualquer ministro pode nomear um
amigo ou conhecido para colaborador sem se preocupar com a análise das
condições políticas para o exercício do cargo. É mau, muito mau. E por falar em
"qualidades" da democracia norte-americana, veja-se como, no caso
Snowden, parece ser Putin quem defende o direito das pessoas à liberdade. E
como a Administração Obama desencadeia uma oportuna reacção a um eventual
ataque da Al-Qaeda que estaria a ser preparado às suas embaixadas. Enfim, no
mundo da informação, o acreditar, e a fé, ainda têm o seu espaço... João Marcelino
Bem me queria parecer
Fim-de-semana de verão Praias cheias e muitos mergulhos no mar, segundo a cultura balnear. Façam xixi à vontade.
sábado, 10 de agosto de 2013
É de 'swaps' que se trata?
Nem a canícola relaxa as criaturas... Tudo prá bicha, uns atrás dos outros. Basta de circo. João Pereira Coutinho
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
Em Angola é de se ver negro
O ouro negro angolano sempre deu e dará para todas as coisas: para acudir aos falidos; para enriquecer os nativos; para contentar a indigência. Tudo inundado pela corrupção... E como pôr termo à enxurrada? O domínio é vasto e a tarefa imensa. Angola da corrupção espera por ti. Força bravo lutador.
Se não fazem falta fósforos
Abaixo os eucaliptos, vegetais ou animais, secam tudo. Sejam do CDS ou do PSD - bons eram os do PS quando Sócrates era o maior no Ambiente (quem não se lembra do Freeport ambiental). Não haverá nada mais em que pensar?
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
De fora a hipocrisia
Quando a coisa é vista como um sentido "lavar de alma", apenas com a esperança de poder estar a contribuir para que
o Porto saia vencedor nas próximas eleições autárquicas... Paulo Baldaia
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Contra os criadores e as criaturas
Para meter na ordem o indígena imbecil: todas as pessoas que circulem por zonas públicas sob efeitos do álcool e das drogas, com animais potencialmente perigosos, serão punidas mais severamente. Compreende-se mas pergunta-se: se forem carrapatos, caracolas, lontras ou lobos, a preocupação não é com a bicharada que anda pela trela. Bem mais perigosos são os energúmenos que seguram na dita trela, estejam mais sóbrios ou menos ébrios, andem de duas ou de quatro, com ou sem açaime, usem óculos ou boné. Quem nos acode! Pelo fim das pragas.
Sem quaisquer lições de moral
Pedido de demissão. O secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge,
envolvido na polémica dos contratos de 'swap', anunciou hoje que apresentou a
sua demissão do cargo. Depois de mais estas trapalhadas iguais a tantas outras, foi a saída mais sensata para evitar maior desgaste noutros membros do Governo. E nada mais do que isso. Nicolau Santos
terça-feira, 6 de agosto de 2013
De candeias às avessas
Como não interessam as supostas razões "pessoais"
da antipatia entre o dr. Menezes e o dr. Rio, importa atender a duas maneiras
de ver o mundo e a política, num caso mais cara, mais baratinha no outro. O
dr. Menezes acha ou actua como se o desígnio dos agentes políticos,
por natureza sábios, fosse oferecer coisas ao cidadão comum, ainda que se trate de
coisas compradas com o dinheiro do cidadão comum, que o cidadão comum talvez jamais escolhesse. De modo a alcançar tão
elevados e dispendiosos fins, o dr. Menezes não olha a meios: impostos,
fundos, dívidas, tudo serviu para transformar Gaia no que o dr. Menezes quis
que Gaia fosse. Excepto, pelo menos às vezes, no Porto. O dr. Rio conquistou
por três ocasiões a autarquia com um programa, e uma conduta, de respeito pelo
cêntimo alheio, de recuperação das estraçalhadas contas que herdou e de
genérica noção de que não lhe competia imiscuir-se na vida das pessoas. Parco
em despesas, o dr. Rio até comprou um conflito com o maior clube da bola local,
habituado a benesses e salamaleques diversos (o dr. Menezes cedeu ao clube uma
considerável área para treinos, disfarçada de "fundação"). Não fora
uma irritante propensão para, anualmente, semear o pandemónio no trânsito a
troco de populares corridas de carrinhos, o dr. Rio teria sido um autarca
perfeito... Alberto Gonçalves
Prevenção das bebedeiras
Brindemos pois por todo o disparate que pertença ao anedotário indígena. E encontraremos razões para emendar bebedeira atrás de bebedeira. Até não poder mais.