Como não interessam as supostas razões "pessoais"
da antipatia entre o dr. Menezes e o dr. Rio, importa atender a duas maneiras
de ver o mundo e a política, num caso mais cara, mais baratinha no outro. O
dr. Menezes acha ou actua como se o desígnio dos agentes políticos,
por natureza sábios, fosse oferecer coisas ao cidadão comum, ainda que se trate de
coisas compradas com o dinheiro do cidadão comum, que o cidadão comum talvez jamais escolhesse. De modo a alcançar tão
elevados e dispendiosos fins, o dr. Menezes não olha a meios: impostos,
fundos, dívidas, tudo serviu para transformar Gaia no que o dr. Menezes quis
que Gaia fosse. Excepto, pelo menos às vezes, no Porto. O dr. Rio conquistou
por três ocasiões a autarquia com um programa, e uma conduta, de respeito pelo
cêntimo alheio, de recuperação das estraçalhadas contas que herdou e de
genérica noção de que não lhe competia imiscuir-se na vida das pessoas. Parco
em despesas, o dr. Rio até comprou um conflito com o maior clube da bola local,
habituado a benesses e salamaleques diversos (o dr. Menezes cedeu ao clube uma
considerável área para treinos, disfarçada de "fundação"). Não fora
uma irritante propensão para, anualmente, semear o pandemónio no trânsito a
troco de populares corridas de carrinhos, o dr. Rio teria sido um autarca
perfeito... Alberto Gonçalves
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