quarta-feira, 7 de setembro de 2011

“A QUENTE” OU “A FRIO”
…RICARDO CARVALHO HÁ SÓ UM




Quem se admira se toda esta gente acabar às pancadinhas nas costas, só porque "são todos uns gajos porreiros"? Provavelmente, muito poucos.

Como não podia deixar de ser, a insolência do Ricardo Carvalho está ter os desenvolvimentos que desde o início se antecipavam. Basta não esquecer a tendência dos pacóvios para a bajulação destas celebridades (ao mesmo tempo que afirmam a crónica inveja pelo dinheiro que ganham) para não se estranhar a pouca sensibilidade para questões de princípios, sempre tão apregoados, como o da dignidade ou da honra. A principal preocupação que antes de tudo se manifesta é a de "não estragar a vidinha de ninguém", aparentemente. E com esta condescendência, de cócoras ou de joelhos, antes de se considerarem as falhas, sobram logo as atenuantes. Até parece que os intolerantes são os que ponderam os erros com algum rigor. Vejamos então, como as diferentes criaturas envolvidas se dignaram abordar o assunto.

Federação – Pela prática habitual, já se sabia que as agonizantes nulidades federativas não iriam dar a cara e muito menos responsabilizar quem efectivamente fosse insubordinado. Aparecerão, como sempre, no fim de tudo, para lembrar apenas que também são dos porreiraços.

Paulo Bento - Não era ao seleccionador que competia pronunciar-se sobre a situação, tal como ela se passou. O que suspeitamos é que foi empurrado para dizer de sua justiça, em nome dos que sempre se demitem das responsabilidades. E se esteve mal, foi ao expressar prematuramente que não queria castigos. O que nos leva a pensar que, existindo órgãos disciplinares, o difícil é saberem como devem proceder.

Ricardo Carvalho – Quanto à pessoa do "ofendido", "desrespeitado", "humilhado" e até "massacrado", primeiro é preciso designar alguém que lhe ensine o que isso é, porque nada parece entender. Depois que se dedique a rever noções de educação para recordar que o desplante tem limites. Isto porque apenas conseguiu concluir que se fez mal, deve ter sido virar costas e partir sem falar com ninguém. Se não houver este cuidado de quem o aconselha, é bem capaz de estar à espera de um pedido de desculpas de cada um de nós.

Qualquer pessoa sabe como lidar com as birras malcriadas de putos impertinentes. Mas com aqueles que nunca passaram disso e que apenas acrescentaram aniversários e tamanho, dinheiro e presunção, como se metem na ordem, como se trata essa garotada? Essa parece ser a grande dificuldade de quem exerce a autoridade do pontapé na bola.

Agora, o que temos por aí, são os ecos de patéticas lamúrias do tipo, "tão boa pessoa", "tão bom profissional", "erros cometemos todos", "exageros deve ter havido vários"... Só disparates! Esta desresponsabilização de canalha crescida e famosa é inaceitável, e as consequências indesejáveis.

Mesmo que existam motivos de sobra para a indignação, ainda é preciso contar com a interferência de outras forças mais poderosas, e agachadinhos. Como por exemplo, quando chegarem as exigências dos espanhóis que mandam porque pagam, dizendo: O Mourinho e o Jorge Mendes tratam do assunto e não haverá problemas. Ou seja:“Nada pasará”.

Concluindo, o indígena manhoso e fingido, pindérico e subserviente, no seu melhor. Uma enraízada atracção pela suave humilhação.

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