quarta-feira, 28 de setembro de 2011

“RESGATES CONTROLADOS”


Tal como existe, a união europeia corresponde ao devaneio de ingénuos sonhadores ou ao projecto engendrado pelas mentes práticas? Quem empurrou os trapalhões da Europa para a jangada comunitária? Porque não quebram as economias falidas das zonas periféricas? O que segura os "PIGS"? Precisamos saber o que pretendem fazer connosco e se é possível resistirmos. Se existe saída ou se resta a penúria. Porque basta de alternância entre ameaças de catástrofe e anúncios de salvação. Ou sucumbimos ou escapamos. De aguentar tanta incerteza é que estamos fartos.

Na sua génese, o projecto europeu fazia todo o sentido, quer para o conjunto dos seus membros, quer para o fim a que se destinava. Estavam em causa os interesses económicos do núcleo crucial da produção europeia. Mas logo surgiram outras ambições expansionistas, no plano monetário com a criação do Euro e no domínio político com as teses da união federalista. O bastante para se notarem os primeiros sinais de desintegração da comunidade.

Cedo se percebeu a importância da Alemanha e o papel que lhe estaria reservado. Com uma economia inovadora e pujante tinha nos países europeus o seu principal mercado. Precisava promover o alargamento e ajudas aos novos membros. Isto para que pudesse avançar a ideia de uma moeda forte para uma comunidade alargada. Assim surgiu o Euro. Enquanto isso, os países mais débeis e ávidos apenas se limitavam a consumir apoios sem cuidar das reformas estruturais. E ficou patente o fracasso europeu.

Aqui chegados, com uma profunda crise financeira e estas fragilidades na coesão comunitária, o que preocupa realmente os Estados poderosos? Se os mais fortes afastarem os mais fracos do grupo do Euro será o fim duma moeda única robusta e influente. Também avaliam os efeitos nefastos para o sistema financeiro se deixarem cair a Grécia. Só lhes resta confeccionar o mal menor, sair em auxílio dos gregos e dos que vierem a seguir. Caso contrário, será o caos.

Mas não protelem mais. Sabemos que custa socorrer esbanjadores compulsivos, incapazes de tomar qualquer medida para contrariar o descalabro. Tal com sabemos que ajudar estes incumpridores pode incentivar outros aflitos imprudentes a aliviarem os rigores da austeridade. Só que parece não haver outra solução. E é bom lembrar que neste estado de coisas, não há inocentes. Pode haver quem só tenha culpas mas não há quem esteja isento delas.

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