sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

"Figura do Ano"


Alegado burlão da ONU diz que está a ser alvo de linchamento de caráter

Como isto é Portugal, Artur Baptista da Silva deve ser reconhecido "a figura nacional de 2012". A escolha  do  inconsciente colectivo está feita. No fundamental, o figurão representa o que cada português anseia, ir à televisão dar nas vistas e afrontar os sabichões, para se transformar em entendido figurante público.

Destas singularidades, bem poderíamos dizer que quase tudo nos acontece. Também não é certo que haja muitos especialistas da nossa praça que não o merecessem. Um certo deslumbramento pacóvio, muita pressa de informar sem investigar, dose bastante de facilitismo jornalístico, não podiam acabar melhor. E nesta balbúrdia, não falta quem por aí ande a dizer disparates convenientes e muitos mais que os queiram ouvir. Isto basta para não ser fácil distinguir um discurso coerente duma argumentação falaciosa, quando a cultura caseira é a trapalhada ou a aldrabice. Com jornalistas tão ansiosos por colocar aquilo que pensam na boca de um qualquer especialista, acabaram por ser eles a tornarem credível um burlão. 

Tal como noutros países da nossa igualha, os vigaristas encartados também fazem parte dos produtos genuinamente nacionais. É fácil tropeçar num potencial "Baptista da Silva" à esquina de qualquer rua, pronto a ser reconhecido e acarinhado, para acabar transformado num herói. Gente de currículo especializado e cartão de visita aparatoso, sempre cativou os nativos. Não se esqueça que já elegemos  um sujeito assim para primeiro-ministro. Agora (diz que) estuda filosofia afrancesada para concluir a ilustração.
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