terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Portugueses em Espanha



Ser português com êxitos nos países que tradicionalmente acolhem bem os estrangeiros representa ser reconhecido pelo talento ou competência  com sucesso quase garantido. Mas não é o que se passa em Espanha com os que em português se distinguem pelo mérito. Que mais não seja, por serem portugueses. Que o digam J. Mourinho e C. Ronaldo.
Tal como a história o demonstra com casos exemplares de tantos lusos ibéricos, a vida destes ilustres consagrados pelo mundo do futebol, não tem sido nada fácil no reino dos espanhóis. Com Ronaldo, a situação muda conforme variam as suas prestações e também ao sabor das suas impertinências. Com Mourinho, a coisa atinge outros níveis de crispação e controvérsia, tão do gosto do "Special One".
Quem acompanhou a carreira do treinador português no estrangeiro, sabe da maneira como geriu o seu trabalho e dos resultados que obteve com os seus métodos. Da mesma forma se sabe, desde a sua chegada a Espanha, das dificuldades que o esperavam por Madrid. E nada disto tem a ver com exigências competitivas ou místicas desportivas de que tanto presumem "nuestros hermanos". Apenas reflecte o carácter do indígena espanhol, bastante primário e grosseiro, impetuoso e arrebatado, sem meios termos. Tudo isto, para além da questão de fundo.
E o fundamental não é porque Mourinho careça de profissionalismo e competência, é por ser português. Podem dizer que é vaidoso, arrogante, agitador, excessivo... que noutras fases de melhores resultados nunca lhe faltou carinho, que só depois do desgaste que provocou é que o madridismo reagiu... Só que não é isso o essencial. Se a qualquer jogador ou treinador se acrescenta português ou francês, é adequado porque qualifica; quando o epíteto do "português" é referido isoladamente, nomeia intencionalmente, como se nomeia o marreco ou o maneta. E é desta forma depreciativa que tantas vezes se referem a Mourinho e algumas vezes a Cristiano Ronaldo, nas muitas ocasiões em que descobrem motivos para fazer reparos.
O que há dias surpreendeu foi a conclusão do director do programa televisivo "Punto Pelota" sobre a perseguição da imprensa desportiva de Madrid feita a Mourinho e por tabela a Ronaldo. O jornalista desportivo foi categórico: "há uma discriminação xenófoba por serem portugueses".      
           


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