Ser português com êxitos nos países que tradicionalmente acolhem bem os estrangeiros representa ser reconhecido pelo talento ou competência com sucesso quase garantido. Mas não é o que se passa em Espanha com os que em português se distinguem pelo mérito. Que mais não seja, por serem portugueses. Que o digam J. Mourinho e C. Ronaldo.
Tal como a história o demonstra com casos exemplares de tantos lusos ibéricos, a vida destes ilustres consagrados pelo mundo do futebol, não tem sido nada fácil no reino dos espanhóis. Com Ronaldo, a situação muda conforme variam as suas prestações e também ao sabor das suas impertinências. Com Mourinho, a coisa atinge outros níveis de crispação e controvérsia, tão do gosto do "Special One".
Quem acompanhou a carreira do treinador português no estrangeiro, sabe da maneira como geriu o seu trabalho e dos resultados que obteve com os seus métodos. Da mesma forma se sabe, desde a sua chegada a Espanha, das dificuldades que o esperavam por Madrid. E nada disto tem a ver com exigências competitivas ou místicas desportivas de que tanto presumem "nuestros hermanos". Apenas reflecte o carácter do indígena espanhol, bastante primário e grosseiro, impetuoso e arrebatado, sem meios termos. Tudo isto, para além da questão de fundo.
E o fundamental não é porque Mourinho careça de profissionalismo e competência, é por ser português. Podem dizer que é vaidoso, arrogante, agitador, excessivo... que noutras fases de melhores resultados nunca lhe faltou carinho, que só depois do desgaste que provocou é que o madridismo reagiu... Só que não é isso o essencial. Se a qualquer jogador ou treinador se acrescenta português ou francês, é adequado porque qualifica; quando o epíteto do "português" é referido isoladamente, nomeia intencionalmente, como se nomeia o marreco ou o maneta. E é desta forma depreciativa que tantas vezes se referem a Mourinho e algumas vezes a Cristiano Ronaldo, nas muitas ocasiões em que descobrem motivos para fazer reparos.
O que há dias surpreendeu foi a conclusão do director do programa televisivo "Punto Pelota" sobre a perseguição da imprensa desportiva de Madrid feita a Mourinho e por tabela a Ronaldo. O jornalista desportivo foi categórico: "há uma discriminação xenófoba por serem portugueses".
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