sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

"Solidariedade europeia?"


“Que raio levou o Presidente da República e o primeiro-ministro a declararem ‘inaceitável’ o projecto de Orçamento da EU, porque ele nos tira 17% da esmola habitual? Não compreendem eles que os contribuintes líquidos, também numa fase de austeridade, se fartaram do nosso chorinho e que a chamada ‘solidariedade europeia’ é um mito para crianças? Manifestamente, não compreenderam, como compreenderam pouco ou nada da tragédia a que alegremente presidem.” (Vasco Pulido Valente)

 

A ILUSÃO DA EUROPA SOLIDÁRIA

A crise que atingiu a Europa não podia ter igual impacto em todos os países membros da comunidade. Jamais se poderia esperar que as economias mais sustentáveis do norte da Europa fossem vítimas do descalabro financeiro que assolou as frágeis e endividadas economias periféricas. Mais robustas e mais prevenidas, as economias que melhor anteciparam a crise acabaram por aguentar melhor os danos sofridos, o que fez delas os maiores participantes das ajudas aos mais atingidos e necessitados. 
Se para os mais optimistas a União Europeia ainda caminha e continuará a progredir para uma unificação mais ampla, as actuais intervenções comunitárias de emergência  acabam por provar o contrário. Nunca como agora foi tão notória a fragilidade da coesão europeia. E existem, cada vez mais, sinais de recuo dos mais fortes, menos disponíveis para ajudar os mais fracos. Daí parecer uma irresponsabilidade dos que continuam a pedir auxílio, não darem sinais claros de mudança de rumo. O bom senso dos mais débeis e dependentes, como Portugal, deveria contribuir para não esperar impossíveis: ajudas e mais ajudas, com tudo como dantes.
A propósito. Só a crónica estupidez de certos representantes políticos da nossa praça os pode levar a defender posições políticas tão absurdas e contraditórias como esta: "estamos com a Catalunha oprimida e geradora de riqueza que se recusa a ser explorada pelo centralismo espanhol... (acrescentem, egoísta e falida); exigimos da Europa comunitária a solidariedade dos países ricos do norte para ajudar os mais pobres do sul... (digam também, os que muito estragam e pouco produzem) porque ser solidário é ajudar quem precise de ajuda...". Não basta deste discurso?      
       

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