Há alguns dias, o Hospital de São João no Porto foi
classificado, pelo terceiro ano consecutivo, como o melhor hospital público do
País, pela Escola Nacional de Saúde Pública. Uma ordenação que nunca foi reconhecida
pela classe dos médicos, a mais poderosa dos agentes avaliados. Vá lá saber-se
porquê.
Dias depois, em entrevista televisiva, o presidente do
conselho de administração esclareceu algumas das situações que mais sobrecarregam o colossal orçamento do Serviço Nacional de Saúde, enunciando os pontos mais sensíveis do funcionamento
deste hospital nortenho, o que deveria ser tido em boa conta.
Segundo declarações do Dr. António Ferreira, “cada cirurgião
faz em média uma cirurgia por semana e há no Hospital de São João uns trinta
cirurgiões que nunca foram ao bloco operatório”.
Isto bastou para despertar a reacção corporativa do presidente
da Ordem dos Médicos que se manifestou “perplexo e indignado com as declarações
de quem é o principal responsável por tal inoperância”. E acrescentou em tom de
desafio que “em vez de estigmatizar a classe médica devia explicar as razões de tais
ocorrências e despedir os médicos que não trabalham”.
Como se não soubéssemos de sobra o enorme contributo dos médicos, para tanta promiscuidade entre os serviços públicos e privados, para o escandaloso
absentismo dos clínicos e técnicos afins nas instituições públicas, para os
nefastos efeitos causados no funcionamento e nos encargos que suportam o SNS…
Nenhum outro sector do chamado “Estado Social” estará mais necessitado de "refundação" como o sector da saúde. Paulo Pinto Mascarenhas
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