quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Instabilidades intestinas


Portugal regressou aos mercados com êxito. Foi um sucesso com que todos os responsáveis se podem congratular. Um momento importante para o País e para a percepção que o mundo tem de nós. Não é mais do que o início da possível viragem, cujos efeitos demorarão a ser sentidos por cada português. Por isso, convém não entrar em euforias e evitar precipitações indesejáveis, sobretudo da parte das forças políticas envolvidas, tanto nas tarefas governativas como nas actividades parlamentares. São preocupações que fazem todo o sentido, porque ainda há muitas reformas para serem concluídas e já é grande a excitação com as eleições autárquicas.

Da parte do Governo, muito se tem falado da eventual remodelação da equipa governamental. É provável que aconteça quando menos se espere e não nas próximas semanas; salvo se for urgente acudir a qualquer escândalo inesperado. Enquanto isso, mesmo que por conveniência mútua, as coisas na coligação governativa parecem apaziguadas, o que não tem acontecido nas hostes do PSD. Depois de Ferreira Leite, Pacheco Pereira, Rui Rio, opositores internos de Passos Coelho desde que é primeiro-ministro, surgiram António Capucho, Carlos Carreiras, Paulo Rangel, últimos contestatários das suas políticas a coberto de interesses autárquicos. Como sempre, um PSD "saco de gatos", quando chega a hora de acomodar clientelas.

Quanto ao PS, parece ter terminado o tempo para a suave caminhada de António José Seguro. De repente os socialistas da reserva socrática perderam a paciência, porque já lhes cheira a hipotéticas legislativas e receiam haver pouca mobilização para as autárquicas. A proximidade do poder motiva de mais. O recurso encontrado para se desenvencilharem de Seguro foi forçarem a realização de um congresso urgente. E sob a vigilância apertada de António Costa,  soltaram a voz a favor do congresso extraordinário, Sousa Pereira, José Lello, Vieira da Silva, faltando ainda os que costumam apanhar o comboio em andamento. É bem possível que se trate do regresso do Partido Socialista à alternativa da "peixeirada", à falta de melhor. Só para destronar o Tó Zé das futilidades, acomodar o Costa, pronto para tudo, quem sabe com Sócrates no comando à distância. 


Cuidado com os fantasmas e nada de lutas fratricidas. Chega de instabilidades. Alberto Gonçalves

Sem comentários: