Começo do ano possível
O Supremo Magistrado da Nação, dos desígnios da República, dos despachos essenciais, das excitações frívolas, das insignificâncias do dia-a-dia, vai falar a seguir...
...para cagar sentenças transcendentes, do cada um olha por si e do todos olham pelo mesmo. O quase-inútil vai falar para nada dizer sobre coisa nenhuma.
“Não vale a pena esperar muito das revisões da Constituição.
Na actualidade como nos primórdios da República, as clientelas de vária espécie
e pêlo tomaram conta dos partidos com uma única ideia: usar o Estado para se
fortalecer e se instalar no governo. Por isso, não serão os arranjos do texto
constitucional que impedirão a desordem dos poderes públicos existentes. Hoje, um
ministro das Finanças e os seus técnicos de contas mandam no primeiro-ministro;
um ministro metediço trata da reforma administrativa nas costas do titular da
pasta e decide sobre o futuro da RTP; Pedro Passos Coelho ignora o parceiro da
coligação na discussão do orçamento. Basta abrir um jornal ou uma TV para
encontrar um escândalo sem explicação e sem desculpa. Não vivemos, com certeza,
num Estado de direito. Mas, no assento etéreo onde subiu, Cavaco Silva
contempla o arraial com serenidade e deleite.” (Vasco Pulido Valente)
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