quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

"A família ferroviária"




DESPOJOS DO SALAZARISMO

As greves na CP bem podiam ser classificadas como mais um património (material e dispendioso) desta porção de humanidade decadente que se distribui pela espelunca, ainda afeiçoada a carris e a tetas. Uma espécie de tradição nacional, com repetidos rituais desde o passado ano e com adequadas celebrações aos feriados. Se alguma vez os comboios de Portugal voltarem a circular em dias festivos, fará todo o sentido sair à rua na defesa de mais uma tradição ameaçada. 
Como tradições são para se manter, a última greve foi acompanhada de concorridos arraiais bem mais animados. Este acréscimo de entusiasmo teve origem no fim de uns direitos adquiridos em forma de regalias (como tudo o que por aí se adquiriu) de que beneficiava a lendária "família ferroviária", agora de "luto ferroviário", porque "nem o Salazar foi tão longe". Traduzindo: os ferroviários e os seus familiares, até perder de vista e até à tumba, vão começar a pagar bilhete, como qualquer pobre nativo. E também se aguarda que "a limpeza dos peitinhos" chegue a outras aberrações do género, sem esquecer as forças da ordem e as luminárias da magistratura. Haja comboios e que acabe a mama.  
As greves da CP ou da Refer em 2012, foram paralisações que, para além de greves gerais nos feriados,  cirurgicamente, incidiram nas horas extra de 295 dias do ano. Isto é, dois dias de greve em cada três, com 30.000 comboios suprimidos. Mas, "os trabalhadores da CP" não aceitam cortes nas horas extra e entendem que a famelga deve viajar de borla. Assim mesmo, com a catástrofe em curso. É espantoso... Indignação? Qual quê, vila morena

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