terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Grillo 5 estrelas



QUE FAZER COM ESTES VOTOS?

Depois das eleições para o Parlamento, os italianos voltam de novo à situação de impasse governativo com que tradicionalmente convivem. Pela complexidade do sistema eleitoral e pela tendência habitual para prolongar a escolha de soluções governativas viáveis, estão agora na contingência de serem forçados a repetir eleições.

Feita a contagem dos votos, tanto a coligação de esquerda de Bersani como a coligação de direita de Berlusconi, somaram uma votação próxima dos 30%, sem  qualquer maioria no Congresso ou no Senado que lhes permita formar governo. O tecnocrata Mário Monti, que até agora governara com amplo apoio da direita e da esquerda, depois do êxito como técnico, o fracasso como político, e acabou ridicularizado com uns insignificantes 10%. A surpresa anunciada destas eleições foi Beppe Grillo que na liderança do Movimento 5 Estrelas atingiu um resultado próximo dos 25% de votantes. 

E para que servem estes resultados? Os votos de Monti são recusados por Bersani e Berlusconi uma vez que ambos contestam e querem romper com a austeridade que o ex-chefe do governo representa. Os votos atribuídos a Grillo jamais apoiarão qualquer hipótese de maioria parlamentar capaz de formar governo. Resta a possibilidade de uma grande coligação entre os blocos de direita e de esquerda para evitar o recurso a novas eleições.

O fenómeno Grillo que surpreendeu a Itália e a Europa, faz parte dos diferentes movimentos antissistema que se têm multiplicado, um pouco por toda o Ocidente. Este movimento antipolítico italiano é liderado por um artista/comediante, filho de milionários, que começou por se dedicar à comédia humorística e depois se tornou um populista provocador. Para lá dos espectáculos, cresceu na blogosfera e continuou nas grandes concentrações de contestação do poder instituído realizadas por toda a Itália. Até que elegeu um surpreendente grupo de deputados, apesar de estar inibido de ser eleito. 

Para além desta falta de condições para formar um governo estável, o que de mais relevante se pode concluir das eleições italianas é a completa recusa das medidas de austeridade que a ampla maioria de Mário Monti implantou por ordem da Europa. Até esta altura, a sociedade italiana não deixou de se sentir responsável e se assumir solidária com o projecto comum europeu. A partir de agora foi dado um claro sinal de rejeição das políticas de contracção numa das mais fortes economias da Europa. Mesmo que não seja de imediato, aguardam-se consequências deste "basta italiano" nos restantes países resgatados ou intervencionados da UE.

Entretanto, “um rendimento de cidadania de mil euros, a diminuição dos salários dos políticos e a redução da semana de trabalho para 20 horas, a saída do euro" tal como defende Grillo, ao estilo stand up comedy.

Pier Luigi Bersani, Beppe Grillo, Silvio Berlusconi e Mario Monti: quem vence?

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