O chamado retrato de Camões na prisão foi revelado por Maria
Antonieta Soares de Azevedo em 1972. Sendo um testemunho muito importante, este
retrato não é propriamente uma obra de arte. A peça é de execução tão
imperfeita quanto colorida. O desenho é tosco e desajeitado, com flagrantes erros
de perspectiva e de escala. Mostra um Camões arruivado, de guias do bigode
assimétricas, sentado a uma mesa, segurando uma travessa na mão direita e uma
pequena peça escura na esquerda. Estará prestes a trabalhar num dos cantos de
Os Lusíadas. O poeta parece dispor de um certo "conforto
intelectual": vemos vários cartapácios na parede, pode consultar uma carta
geográfica que tem perto de si, certamente para verificar qualquer afirmação ou
referência do poema. Mas o gibão está roto na manga esquerda e a comida
representada não parece abundante. Não sabemos se a prisão em que o poeta se
encontra é a de Goa ou a da Ilha de Moçambique... Vasco Graça Moura
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