Não faço parte do coro dos que acham que todos os nossos
males estão na classe política, e ainda menos da claque de demagogos que anda
por aí a gritar que os que servem em funções públicas só estão lá para se
servirem, sobretudo se não forem da sua cor política. Pelo contrário. Acho até
extraordinário como tantos milhares de portugueses se dispuseram a
candidatar-se às autárquicas, mesmo sem a esperança de grandes, se algumas,
recompensas económicas. Por isso não posso deixar de assinalar que, apesar de
tudo, estas eleições também nos mostraram que os partidos continuam a ser os
grandes organizadores da vida política e que, se souberem ler os resultados, se
perceberem como muitas vezes foi a lógica dos militantes e do aparelho que os
perdeu, talvez possam encontrar novas formas de irem ao encontro da cidadania e
de revitalizarem a democracia. A possibilidade de a escolha dos seus futuros
candidatos passar a ser feita em primárias abertas aos eleitores é um caminho
que podiam explorar, até de forma descentralizada e experimental... José Manuel Fernandes
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