domingo, 6 de outubro de 2013

Complicações do sobrenatural



Educar religiosamente as crianças dá um trabalhão. É muito mais fácil não educar. É muito mais simples deixá-las em paz e sossego com as coisas mundanas da vida. E esta dificuldade aplica-se a qualquer religião. Em qualquer uma o enredo é difícil de explicar e de entender. As crianças, ao contrário dos adultos, querem saber porquê. Exigem saber o significado de tudo, a razão de ser de cada coisa e qual o objectivo de cada acção. Ora nós, pobres crentes, não sabemos nem metade daquilo que eles querem saber. Já fizemos as perguntas que queríamos e agora só queremos estar sossegadinhos na intimidade da nossa fé. O que chega e sobra. As crianças não. Perguntam, com todo o desplante, porque é que são baptizadas e o que é que acontecia se não fossem. Também perguntam porque é que vão à missa, porque comungam, o que é a hóstia, quem é o Espírito Santo, o significado da cruz, etc. Ninguém as cala. Por exemplo, como é que se explica a uma criança a razão pela qual Santo António falava aos peixes? Porquê os peixes, se os peixes não percebem nada? Ora responder a isto tudo é quase impossível. O que nos resta, sendo óbvia a ausência de base racional, é a teimosia. Educar um filho religiosamente é ser teimoso... Inês Teotónio Pereira

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