Educar religiosamente as crianças dá um trabalhão. É muito
mais fácil não educar. É muito mais simples deixá-las em paz e sossego com as
coisas mundanas da vida. E esta dificuldade aplica-se a qualquer religião. Em
qualquer uma o enredo é difícil de explicar e de entender. As crianças, ao
contrário dos adultos, querem saber porquê. Exigem saber o significado de tudo,
a razão de ser de cada coisa e qual o objectivo de cada acção. Ora nós, pobres
crentes, não sabemos nem metade daquilo que eles querem saber. Já fizemos as
perguntas que queríamos e agora só queremos estar sossegadinhos na intimidade
da nossa fé. O que chega e sobra. As crianças não. Perguntam, com todo o
desplante, porque é que são baptizadas e o que é que acontecia se não fossem.
Também perguntam porque é que vão à missa, porque comungam, o que é a hóstia,
quem é o Espírito Santo, o significado da cruz, etc. Ninguém as cala. Por
exemplo, como é que se explica a uma criança a razão pela qual Santo António
falava aos peixes? Porquê os peixes, se os peixes não percebem nada? Ora
responder a isto tudo é quase impossível. O que nos resta, sendo óbvia a
ausência de base racional, é a teimosia. Educar um filho religiosamente é ser
teimoso... Inês Teotónio Pereira
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