quinta-feira, 7 de março de 2013

A treta do Daniel Oliveira


Daniel Oliveira na Convenção do BE (LUSA)

O BLOQUEIO NO BLOCO

Conforme foi anunciado, Daniel Oliveira, o militante histórico do Bloco de Esquerda, abandonou o partido. Numa carta enviada à Comissão Política, este membro fundador diz que o Bloco é actualmente «um factor de bloqueio, alimentando-se e alimentando o sectarismo». Também afirma que Francisco Louçã, «o coordenador anterior, não desistiu de continuar a coordenar o Bloco, mesmo sem ocupar o cargo». Na última Convenção, não apoiou a direcção escolhida, quando foi eleita a liderança bicéfala de João Semedo e Catarina Martins, nem aprovou a a moção política vencedora. Agora, decidiu sair do partido por não terem sido dados «sinais no combate ao sectarismo que, nos últimos anos, foi tomando conta do Bloco». Depois da Convenção, os sinais dados foram «exactamente os opostos» e critica a criação da nova corrente, que junta, entre outros, Loucã, Semedo e José Manuel Pureza. Segundo Daniel Oliveira, esta corrente pode transformar-se num «partido dentro do partido, que terá capacidade de definir sozinho as principais opções políticas e a 'distribuição de cargos' na estrutura» e impedirá a «democratização da vida interna do Bloco de Esquerda». Seja como for, a passagem seguinte pode ser o que de mais significativo consta da carta de despedida:

"Se a oposição continuar a não conseguir corporizar uma alternativa credível e o principal partido da direita portuguesa entrar em desagregação, os primeiros a aproveitar este momento, sejam sérios ou populistas, comediantes ou estadistas, poderão causar um terramoto político. Porque o terramoto social, esse, já está a acontecer. Sem que, aparentemente, as instituições e os partidos reajam a isso." (Daniel Oliveira)

Este abandono de Daniel Oliveira podia apenas ser o resultado da sua oposição ao funcionamento interno ou de discordâncias na orientação política. É verdade que muitos dos activistas do Bloco procurarão continuar num alinhamento de “esquerda fracturante” menos ortodoxa, que pouco tem a ver com a escola que formou os elementos que acusa de controlarem o partido. Mas não passou despercebida a referência ao momento político e a eventualidade de novas forças ou organizações políticas à esquerda. Logo as más línguas foram dizendo que o Daniel Oliveira adoraria “corporizar” uma alternativa qualquer. Companheiros da “luta moderna” não faltariam: Tem o Rui Tavares no parlamento europeu, a Isabel Moreira e o João Galamba, no parlamento nacional, outros disponíveis como a Joana Amaral Dias, fora os descontentes que se recrutariam no Bloco e no PS. Se tudo continuar apenas a “grandolar”, se o Coelho não for vítima de emboscada nem houver eleições em breve, se não der e a coisa estiver demorada, resta sempre a alternativa da quota dos dissidentes que habitalmente têm abrigo na tenda do PS.   

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