NA VENEZUELA A TRAGÉDIA SAIU À RUA
Morto o Comandante Hugo Chávez (há horas ou há dias, em Havana ou em Caracas, depois se saberá, do que já se sabe é que houve intervenção dos americanos) enquanto decorrem as exéquias fúnebres do Caudillo bolivariano, prosseguem os atropelos à Constituição do País. O Presidente eleito não chegou a tomar posse por incapacidade, devia ter assumido o Presidente da Assembleia Nacional, tal como agora devia acontecer confirmada a sua morte. Só que o abençoado líder parece ter ordenado que o substituto fosse o Vice-Presidente em funções... A seguir, haverá mesmo eleições dentro de trinta dias? e quem se apresentará como candidato do Chavismo? Maduro ou Cabello? Por agora aparecem abraçados no drama nacional para o mundo observar. A luta pelo poder prossegue mais tarde.
O NOSSO “DELEGADO DE PROPAGANDA MÉDICA” ELOGIA CHÁVEZ
O ex-primeiro ministro José Sócrates já se
pronunciou sobre as virtudes do camarada e amigo. Hoje recordou o excepcional Hugo Chávez como um "presidente carismático no seu país" e que
"deixou sempre as provas mais evidentes de grande amizade por Portugal e
pelos portugueses". E de que nos serviu essa amizade? Há um barco ancorado para cruzar o Atlântico à espera da guia de marcha, faltando saber se já foi cobrada a
factura dos “Magalhães”.
Em declaração escrita enviada à LUSA, José Sócrates lembra a "vida
plena, enérgica e generosa" do líder venezuelano. "Uma vida de
vontade, consagrada à acção e ao que esta tem de início, de surpreendente, de
inatendido” o que tanto entusiasmava o comandante. “Uma vida com os outros, ao
lado dos outros, com a ambição da justiça própria de quem sempre teve uma visão
optimista da natureza humana". O antigo chefe do governo português
referiu-se também a "uma vida cheia de incertezas, de desafios e de
riscos, própria de quem nunca temeu a responsabilidade da sua liberdade e da
sua vontade". Parece não lhe faltar qualquer virtude.
Para Sócrates, Hugo Chávez assumiu-se como “autor da sua
própria biografia, levando uma vida intensa, sempre confiante”. É ao recordar
esta forma de viver, que o socialista português acredita que o povo venezuelano
encontrará aí "alívio e conforto para o seu sofrimento". Um Socrates incansável, desta vez na pesquisa e escolha dos adjectivos que melhor definem o populista-ditador.
Como se conheceram e entenderam tão bem. Compreende-se a saudade.
CAVACO DIZ QUE TRABALHA 10 OU 12 HORAS POR DIA
Senhor Presidente, não tem de que se queixar. Sempre nos
exigiu que o deixássemos trabalhar. E mesmo assim, é duvidoso que o povo ache
que merece o que ganha. Habitue-se sem gemer muito ou terá direito ao "momento grândola". Este
país está na fase de protestar por qualquer coisa. Como se encontra de bolsos vazios, não aceita que se gaste dinheiro para pagar
aos políticos com decência. Pior, até critica quando vão ganhar a vida
para longe do Estado. Senão repare no que está acontecer ao seu bem conhecido
Zé de Paris. Ganhava pouco, não lhe permitiam receber gratificações e agora
ainda se queixam por andar a ganhar muito a vender comprimidos e supositórios. Esta gente repara em tudo e nada tolera. Muito esquisitos e pouco reconhecidos, não acha?
O País devia perceber o quanto trabalha em Belém, porque é a
partir da Presidência da República que se influenciam mais as decisões
políticas. Para os mais modestos, o "mediatismo público" nada ajuda e é uma maçada. Para além de se estar sujeito no meio da confusão à chuva de coisas estranhas mais próprias para gemadas e saladas. Por isso, não
está bem que o critiquem por ter falado pouco em público sobre a crise no País.
Sempre esquecem que esteve dez anos como primeiro-ministro e os sete que já
leva em Belém, o bastante para saber mais do que qualquer outro e não fazer mais porque a idade não permite.
Se quem mais protesta reparasse, notava que o Senhor
Presidente até fala como aquele rapaz que agora manda na casa do PS. Quando
insiste que Portugal vive uma "espiral recessiva", com quebra da produção, do investimento, do consumo e uma "subida acentuada" do
desemprego, diz o mesmo que o moço socialista. Se ambos estão aborrecidos com a "rapazada do governo" e afirmam que só é possível inverter a tendência negativa dando prioridade ao crescimento económico, que mais faltará dizer? A única coisa que agradou aos mais descontentes foi saber que vão distribuir incentivos à economia em forma de dinheiro barato para investir.
Por falar em gostar, do que todos gostaram mesmo foi de ouvir o Professor Cavaco Silva dizer que
é preciso respeitar as manifestações que decorram dentro da ordem constitucional.
Não se sabia muito bem o que isso era mas ninguém ficou muito preocupado. É que o nosso Presidente, mesmo depois de mais um dia de intenso trabalho, após a manifestação do passado 2 de Março, não deixou de fazer uma comunicação ao País para nos demonstrar que estava descansado.
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