Do manicómio onde se exibe muita desfaçatez e pouco bom senso
(as reacções continuam)
"Sócrates volta, e volta a convite da RTP, uma empresa pública onde o Sr. Relvas manda, para um programa semanal que se destina a reabilitar politicamente a sua pessoa e a fazer dele um candidato plausível à Presidência da República (...) Com tudo o que se passou desde que o dr. Cavaco o remeteu para mais verdes paragens, Sócrates não percebeu ainda que a generalidade dos portugueses não lhe concede o favor da mais leve desculpa e o considera responsável pelo sofrimento e as misérias da crise.
Mas o problema não se esgota aqui. No seu tempo, Sócrates foi o primeiro-ministro que mais se esforçou para administrar a informação e para controlar, às vezes com manobras sem nome, a televisão, a rádio e os jornais. Não foi por acaso que o país chegou à undécima hora sem a menor ideia do poço para que tinha sido conscientemente atirado. Por omissão e por comissão, Sócrates sempre se mostrou um homem muito flexível com a verdade. E pior: um homem que vivia bem no mundo imaginário que vendia, sem o menor escrúpulo, aos portugueses. E nem o desastre o regenerou, quando de Paris concluía que a dívida se administrava, não se pagava, enquanto Portugal inteiro se espremia para a pagar (...)
Resta saber por que razão o sr. Relvas ofereceu ao sr. Sócrates um comício regular na RTP. Não compreendeu que atribuir um privilégio destes a um político desacreditado desacreditava a própria televisão pública, e, de caminho, ofendia o país? Ou a ressurreição do indivíduo não passa de uma simples peça de um negócio maior e mais complexo, que por enquanto o país desconhece? Existem naturalmente muitas hipóteses. Mas, qualquer que ela seja, é, com certeza, uma vergonha nacional." Vasco Pulido Valente - Público
“O regresso de José Sócrates prova que, como diz o povo, o
criminoso volta sempre ao local do crime.” Paulo Pinto Mascarenhas.
"A volta de José Sócrates à vida política vai condicionar
muito mais a liderança do PS do que o Governo." Paulo Baldaia.
"Quanto ao facto em si, ganha a RTP e perde muito mais o PS
do que o Governo. Eis pois uma grande jogada, jornalística e política." Filomena Martins.
"O que Sócrates disser sobre o governo será irrelevante. É o
PS e a guerra interna no PS, o verdadeiro assunto." Ana Sá Lopes.
"Sócrates no ecrã vai eclipsar os seus pares e garantir, sem
grandes margens de erro, audiências à RTP." Alfredo Leite.
“A contratação dum inimigo da liberdade de expressão e
ex-ditador da RTP representa novo máximo na degradação moral da RTP.” Eduardo Cintra Torres.
"O público, que gosta de fingir estar contra a
"partidocracia" na política, aceita sem objecções a "partidarite" na
análise da política. excepto no caso de José Sócrates, que a RTP
se lembrou de contratar para emitir palpites. É verdade que os palpites do
homem ajudaram imenso à ruína do país. É verdade que ao contribuinte custará
muito pagar um novo salário (em numerário ou em tempo de propaganda) a quem
tanto contribuiu para a sua penúria. É verdade que dói ver facultar a liberdade
de expressão a um seu incessante inimigo. É verdade, em suma, que o
"serviço público" decidiu adicionar o insulto à injúria. Porém, julgo
excessivo que a indignação das massas, traduzida numa série de petições
inflamadas, recaia exclusivamente em cima do ex-primeiro-ministro, ex-estudante
de Filosofia e actual vendedor de medicamentos na América Latina." Alberto Gonçalves.
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