terça-feira, 26 de março de 2013

Diagnósticos do caos



Martin Taylor  no “Financial Times” sobre Portugal: “É um país onde tudo está à venda e ninguém compra nada".


No recente artigo publicado no “Financial Times”, ex-CEO do Barclays alerta que os governos e os bancos centrais estão a experimentar tratamentos monetários agressivos, que alguns até consideram perigosos, e exemplifica com uma comparação entre Portugal e a Argentina.

Em Portugal, como descreve Martin Taylor, depois de recentemente nos ter visitado, os "residentes estão sem dinheiro", as auto-estradas "construídas com fundos comunitários estão desertas", com o tráfego desviado para as velhas estradas, sem portagens. Um país onde os automobilistas preferem "estacionar os seus velhos carros em ruas estreitas para não pagarem um euro ou dois para estacionar num parque".
Como refere no artigo, "a recepcionista do hotel - vazio - chega depois de uma longa espera para servir uma bebida e, mais tarde, regressa como empregada no restaurante". E alerta: num país que "tem as boas maneiras europeias, os portugueses começaram a expressar a sua frustração no estilo franco e vivo do graffiti".
O triste ‘fado’ que veste a capa do regime de austeridade, a que os portugueses estão submetidos, é uma espécie de coma. "O Estado gasta o menos possível e procura extrair cada vez mais dos cidadãos. Estes parecem passar a maior parte do tempo a procurar formas de evitar esses pagamentos".
Os "rácios do endividamento permanecem teimosamente altos, mas os caríssimos ‘médicos’ estrangeiros acreditam que uma dose mais elevada deste tratamento acabará por demonstrar, no fim, que têm razão”.

Na Argentina, há muita moeda, em comparação com a falta de capital em circulação em Portugal, enquanto a inflação anda pelos 10/20%. As pessoas têm pressa em gastar, mas não têm acesso a divisas estrangeiras nem aos mercados de crédito. Não há capitais estrangeiros a entrar neste país e os bancos estão obrigados a dar uma parte significativa dos seus depósitos para investimento produtivo.
O ‘tango' recebe constantes estimulações e os ‘médicos’ dizem que está muito melhor desde que reestruturou a dívida, apesar de não poder sair do hospital. 

Nestes cenários, prescreve: "Os médicos são sobretudo intimados a não fazer mal". Martin Taylor.



E aqui chegamos a este mundo de loucos: ao esplendor da "social-democracia", a transbordar de direitos e garantias, de progresso e riqueza - indefesas criaturas subjugadas pelas arbitrariedades e pelos artifícios do Estado. Eis as últimas vítimas da ficção montada no abismo chamado "Europa".    
Os pontos essenciais do resgate ao Chipre.

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