Martin Taylor no “Financial
Times” sobre Portugal: “É um país onde tudo está à venda e ninguém compra
nada".
No recente artigo publicado no “Financial Times”, ex-CEO do Barclays
alerta que os governos e os bancos centrais estão a experimentar tratamentos
monetários agressivos, que alguns até consideram perigosos, e exemplifica com
uma comparação entre Portugal e a Argentina.
Em Portugal, como descreve Martin Taylor, depois de
recentemente nos ter visitado, os "residentes estão sem dinheiro", as
auto-estradas "construídas com fundos comunitários estão desertas",
com o tráfego desviado para as velhas estradas, sem portagens. Um país onde os
automobilistas preferem "estacionar os seus velhos carros em ruas
estreitas para não pagarem um euro ou dois para estacionar num parque".
Como refere no artigo, "a recepcionista do hotel -
vazio - chega depois de uma longa espera para servir uma bebida e, mais tarde,
regressa como empregada no restaurante". E alerta: num país que "tem
as boas maneiras europeias, os portugueses começaram a expressar a sua
frustração no estilo franco e vivo do graffiti".
O triste ‘fado’ que veste a capa do regime de austeridade, a
que os portugueses estão submetidos, é uma espécie de coma. "O Estado
gasta o menos possível e procura extrair cada vez mais dos cidadãos. Estes parecem
passar a maior parte do tempo a procurar formas de evitar esses
pagamentos".
Os "rácios do endividamento permanecem teimosamente
altos, mas os caríssimos ‘médicos’ estrangeiros acreditam que uma dose mais elevada
deste tratamento acabará por demonstrar, no fim, que têm razão”.
Na Argentina, há muita moeda, em comparação com a falta de
capital em circulação em Portugal, enquanto a inflação anda pelos 10/20%. As
pessoas têm pressa em gastar, mas não têm acesso a divisas estrangeiras nem aos
mercados de crédito. Não há capitais estrangeiros a entrar neste país e os
bancos estão obrigados a dar uma parte significativa dos seus depósitos para
investimento produtivo.
O ‘tango' recebe constantes estimulações e os ‘médicos’
dizem que está muito melhor desde que reestruturou a dívida, apesar de não
poder sair do hospital.
Nestes cenários, prescreve: "Os médicos são sobretudo intimados a não fazer mal". Martin Taylor.
Nestes cenários, prescreve: "Os médicos são sobretudo intimados a não fazer mal". Martin Taylor.
Os pontos essenciais do resgate ao Chipre.
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