quinta-feira, 14 de março de 2013

Papa Francisco



HABEMUS  PAPAM  FRANCISCUM

Nunca tanto se especulou, como desta vez, na escolha de um novo Papa. E como muitas outras vezes, também agora o "fumo branco" surgiu acompanhado da surpresa com o Cardeal escolhido. Um argentino, Arcebispo de Buenos Aires, foi elegido Papa e adoptou o nome de Francisco para o 266º Sumo Pontífice. 
Homem simples de perfil e trajecto pouco habituais nos responsáveis da Igreja, este engenheiro de formação académica, personifica aquilo que permite considerá-lo um Papa diferente. Com vocação tardia, chega a sacerdote depois dos trinta anos e como padre jesuíta exerce em paróquias pobres da Argentina. Quando se tornou Bispo de Buenos Aires também passou a exercer funções na Cúria Romana. Sem ter a fortaleza carismática e a robustez intelectual dos seus predecessores, cultiva um estilo de vida austera e despojada de tudo o que sejam extravagâncias. O que bastou para reavivar algumas perplexidades acerca de qual o melhor perfil de um Papa, para essa enorme tarefa de reformar a Igreja dos nossos dias.    
O sulamericano Cardeal Bergoglio, agora Papa Francisco, o primeiro não europeu da era moderna a chegar ao papado, certamente um jesuíta bem apetrechado da espiritualidade missionária com que se desenvolveu e evangelizou como padre, aparece como um experiente líder para os católicos do mundo, com qualidades pouco comuns e com possibilidades de transformar, desde que sejam criadas condições para solucionar problemas já identificados. Mesmo sendo uma figura que se enquadre numa orientação tão ortodoxa como a dos últimos papas, o clérigo argentino possui atributos que poderão fazer deste homem com origem na Igreja dos pobres, um autêntico renovador daquilo que mais necessite ser reformado na Igreja Católica. Se do Conclave acabam de nos surpreender elegendo para Papa este inesperado nome, que a escolha reflicta a opção por quem possa ter as melhores condições para enfrentar os principais obstáculos que levaram o Papa Emérito a renunciar.      
A vida simples e humilde deste idoso Pastor da Igreja (76 anos) sempre se caracterizou pelo acompanhamento dos problemas dos carenciados e pela exemplar vida austera de que se fazia o seu quotidiano. Residia e cozinhava numa modesta habitação, viajava nos transportes públicos de qualquer cidade, passeava e interpelava com simpatia e afecto aqueles com quem se encontrasse pelas ruas. Era esta a sua vida na sua diocese argentina, tal como acontecia quando se deslocava para Roma. Foi com  esta naturalidade e empatia que se apresentou como novo Papa-Bispo, primeiro rezando pelo sua Igreja e depois pedindo que rezassem pela sua missão. E no primeiro dia como Sumo Pontífice, dispensou a limusine papal e viajou numa viatura comum do Vaticano. Também passou pela pensão onde esteve instalado até ao início do Conclave, para recolher as suas coisas e pagar a conta da sua estadia. Gestos que podem ser indícios de "uma progressiva revolução na Igreja". Ou não.


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